O excedente de energia gerada no Mato Grosso já pode ser transmitido para outros estados do país. Desde a semana passada, está em funcionamento uma ligação entre a cidade de Coxipó, próxima à capital mato-grossense, a própria Cuiabá e Rondonópolis, no centro do estado. A obra foi inaugurada hoje (23) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a nova linha dará mais estabilidade ao fornecimento de energia no Mato Grosso. “Antes, qualquer raio podia comprometer o fornecimento”, destaca Ronaldo Schuck, secretário de Energia Elétrica do ministério. Atualmente, o estado tem capacidade de produzir até 1.450 megawatts por ano, mas o consumo é de apenas 620 megawatts este ano.
O empreendimento facilitará o escoamento da energia dos novos empreendimentos hidráulicos do Mato Grosso, principalmente as usinas hidrelétricas de Guaporé, Jauru, Manso, Ponte Pedra e Itiquira. No entanto, apenas metade do excedente pode ser exportado para outros estados. “As linhas de transmissão só têm capacidade pra transportar mil megawatts”, explica o superintendente regional da Eletronorte no Mato Grosso, Paulo César Kojima. As novas linhas serão o primeiro passo para a solução do problema.
Além da implementação de dois trechos de linhas de transmissão de 230 kilovolts – 17 quilômetros entre Coxipó e Cuiabá e 171 entre Cuiabá e Rondonópolis – as obras, que custaram R$ 116 milhões, incluíram a construção da subestação de Cuiabá e a ampliação das subestações de Coxipó e Rondonópolis.
A partir de 2007, concluída a interligação da nova subestação de Cuiabá com a Usina de Itumbiara/Goiás (808 quilômetros de extensão), estará completa a infra-estrutura necessária para a integração dos sistemas isolados do Acre e Rondônia ao Sistema Interligado Nacional. Além disso Mato Grosso será capaz de exportar todo seu excedente energético. “A obra, já iniciada, deve ser concluída em dois anos e duplicará a capacidade de transporte de energia do estado do Mato Grosso”, aponta o executivo a Eletronorte.
Segundo Kojima, Mato Grosso tem um potencial hidráulico mapeado de 17 mil megawatts. “Mato Grosso, Pará e Amazonas serão os grandes fornecedores de energia para o resto do país nos próximos anos, com a construção de usinas e linhas de transmissão interligadas”, avalia.
O empreendimento foi construído em consórcio com recursos públicos e privados pela empresa Amazônia Eletronorte Transmissora de Emergia (AETE). A Eletronorte detém 49% das ações e o restante se divide entre três empresas privadas.
A Eletronorte atua nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins na realização de estudos, projetos, construção e operação de usinas geradoras e de sistemas de transmissão e distribuição de energia elétrica.