Os líderes do PFL, PSDB, PPS, PMDB e até do PT já discutem nos bastidores pelo menos duas fórmulas para afastar da presidência da Câmara o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). Além do impedimento por um processo formal de cassação do mandato, na hipótese de vir a ser comprovada quebra do decoro parlamentar, está em pauta o voto de desconfiança para forçar sua renúncia. A revista Veja desta semana traz a denúncia de que Severino recebia “mensalinho” de R$ 10 mil.
Para isso, os críticos de Severino acreditam que terão de reunir o apoio de uma maioria expressiva dos 513 deputados, tendo como referência o número de 308 necessário aprovar mudanças na Constituição, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.
“A hipótese do afastamento tem sido conversada nos partidos e em movimentos suprapartidários, como o Brasil Verdade”, revelou o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), para quem Severino tem se revelado “um desastre” no exercício da presidência da Casa. O líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), confirma a irritação. “Se ficar configurada quebra de decoro, afastá-lo será o único caminho”.
Este cenário foi cogitado nos últimos dias, especialmente depois da defesa feita por ele de uma “punição branda” para alguns dos envolvidos no escândalo do mensalão. A suspeita levantada sobre a declaração pública de Severino aumentou depois que seus amigos e correligionários mais próximos -o presidente e líder do PP, deputados Pedro Corrêa (PE) e José Janene (PR), respectivamente, foram citados no relatório das CPIs dos Correios e do Mensalão.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou ontem à Polícia Federal que investigue a denúncia de que o empresário Sebastião Augusto Buani, proprietário da empresa Buani e Paulucci – administradora do restaurante do 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados -, tenha tentado extorquir dinheiro de Severino.
A decisão foi tomada depois de boatos de que o empresário teria procurado revistas semanais para contar que beneficiava Severino com pagamento de “mensalinho” de R$ 10 mil em troca de benefícios na renovação do contrato do restaurante. Severino nega as acusações de Buani e, ainda, o acusa de extorsão. Os boatos se confirmaram e a edição da revista traz detalhes sobre a propina recebida por Severino.