Depois da desistência do apresentador Luciano Huck de disputar a Presidência da República, confirmada nesta quinta-feira, o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão, disse que o partido vai trabalhar para tê-lo como cabo eleitoral do candidato tucano ao Palácio do Planalto. “Temos agora de trazê-lo para nos apoiar”, afirmou o parlamentar mato-grossense à revista Veja.
Para ele, o apresentador representa a renovação e já tem afinidade com o pensamento de centro-direita. “Ele sempre teve simpatia pelo PSDB. Teria uma chance enorme de ele dar esse apoio. Agora nós precisamos é conquistá-lo”, declarou.
Segundo a publicação, líderes partidários na Câmara viram com surpresa e ceticismo a decisão de Huck. Para os partidos de centro, a saída do apresentador beneficia as candidaturas do governador de Alckmin e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocados como alternativas à polarização entre as candidaturas do ex-presidente Lula, ou outro candidato do PT, e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
O líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), demonstrou simpatia pela possibilidade de Huck participar do pleito eleitoral. “Política se faz com participação. Não adianta ficar só reclamando sobre o que está aí. Nesse sentido, sempre achei louvável sua presença. Já participou de campanhas como colaborador e poderia contribuir mais se fosse ele candidato”, disse o emedebista.
Novo líder do PRB na Casa, Celso Russomanno (SP) contou que é amigo do apresentador e que não sabia que ele enterraria de vez a chance de concorrer ao Palácio do Planalto. Russomanno lamentou que a vida de Huck tenha sido “vasculhada” nos últimos dias e disse que é difícil passar o tempo todo tendo de se defender de acusações.
“Não é fácil para a pessoa pública não acostumada a apanhar publicamente manter uma candidatura. Tem de ter estômago”, comentou. O deputado acredita que, mesmo fora da campanha, Luciano Huck terá um papel relevante como cabo eleitoral. “Ele será um bom cabo eleitoral para quem for candidato. Quem o trouxer terá grande força”, previu. O PRB vem mantendo conversas com Alckmin e Maia e deve decidir só na véspera das convenções quem vai apoiar.
Já o líder do PR, José Rocha (BA), acredita que, sem o apresentador no páreo, ganha força uma candidatura de centro. Para o deputado baiano, a tendência é PSDB e DEM se juntarem em algum momento das negociações numa chapa encabeçada por Geraldo Alckmin, mas com a vaga de vice em aberto.
Rocha avalia que Huck não aguentou os “bombardeios” da imprensa. Para o parlamentar, ele também teria dificuldades em se alinhar com o Parlamento se fosse eleito. “O perfil dele no Planalto não seria o mesmo perfil dos eleitos no Congresso”, comentou.
O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), considera que a nova desistência de Huck é “jogo de cena”. “Enquanto eles não tiverem um candidato competitivo, o nome dele continuará sendo uma possibilidade”, analisou o petista.
O governador de São Paulo e presidente do partido, Geraldo Alckmin, e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, são os pré-candidatos da sigla e disputarão prévias, com franco favoritismo de Alckmin.