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Julier revela decisão que levou PF a sua residência e gabinete

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“Não me sinto prejudicado e muito menos intimidado”. A declaração é do juiz federal Julier Sebastião da Silva, que apresentou sua versão para a operação deflagrada pela Polícia Federal, na segunda-feira (25), quando documentos pessoais do magistrado foram apreendidos na residência e em seu gabinete.

Segundo Julier, ao tomar ciência do processo despachado pelo desembargador federal Luciano Tolentino Amaral, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que autorizou a busca e apreensão, também ficou sabendo que por duas vezes o pedido havia sido rejeitado, inclusive com despacho apontando para falta de materialidade nas investigações que ocorrem desde 2011.

“Na realidade, uma coisa é a operação Ararath e a outra é a investigação a respeito de uma decisão que concedi parcialmente, em 2012, em favor da Encomind, determinando a revisão dos débitos consolidados no parcelamento deles, excluindo os créditos alcançados pela decadência e/ou referentes à cobrança de honorários advocatício no prazo de 15 dias”, explica Julier, apresentando parte da decisão do juiz federal, José Pires da Cunha, que remeteu as investigações para o TRF-1, por envolver um magistrado federal.

A decisão em favor da empresa e do empresário Rodolfo de Campos e a vinculação com o advogado Thiago Dorileo, parente de Rodolfo e amigo do juiz Julier Sebastião da Silva, foi que levou o desembargador Luciano Tolentino Amaral a despachar os sete mandados de busca e apreensão cumpridos na última segunda-feira e que atingiram o magistrado federal, o advogado Thiago Dorileo e o empresário Osvaldo Cabral, também amigo do magistrado. “Eu conheço o empresário Rodolfo Campos, mas não sou amigo dele e nem me sinto impedido de julgar ações em seu nome. Se fosse assim, como eu conheço muitas pessoas ficaria impedido de promover muitos julgamentos, até mesmo de políticos que conheço, mas nem por isso transgrido nas minhas obrigações como julgador”.

O magistrado destaca trecho gravado pela Polícia Federal, onde a advogada de Rodolfo Campos, Juliana Borges M. P. Lima, declara que: “…feliz da vida porque tinha ganho o negócio lá na justiça com o Julier; aí eu olhei e falei: Rodolfo, isso aqui tá parcial, o que eu queria acionar por Brasília contra Julier é porque ele não dá a certidão prá você; olha aqui, tá escrito parcialmente; aceita parcialmente… isso aqui não vai beneficiar de nada, é a mesma coisa, a mesma sentença do, que nós recebemos em setembro…”.

O trecho faz parte dos autos remetidos ao TRF-1.

Trecho do despacho do desembargador do TRF-1 explica que a primeira parte da operação Ararath, que investiga operações ilegais de factorings, não tem relação quanto aos supostos crimes com a segunda etapa deflagrada esta semana. Apenas uma pessoa apontada como “lobista” é que atuaria nos dois grupos e teria levado a Justiça a este desdobramento.

“Compulsando detidamente os autos, verifica-se que, de fato, existem dois grupos totalmente distintos e que os crimes investigados e modus operandi também divergem totalmente. De tal modo, as empresas Amazônia Petróleo e Globo Fomento investigadas na operação Ararath por sonegação fiscal, nada tem em comum com a empresa Encomind. Na verdade, o único elo entre ambas teria sido as intervenções de Thiago Dorileo que, conforme já dito acima, parece exercer a função de lobista nesta capital e, dessa forma, presta seus ‘serviços” para ambos os grupos. Logo, a interceptação efetuada em desfavor de Thiago Dorileo foi que fez que viessem à tona os fatos envolvendo a empresa Encomind”.

Apontando que acredita na Justiça e que ela será feita, o juiz federal evitou tratar o assunto como uma repercussão política por causa das últimas manifestações favoráveis ao seu nome, por partidos políticos, que o apontam como possível candidato ao governo do Estado em 2014. Ele também não quis falar se existiriam interesses por parte de outros setores políticos em promover uma mancha em sua carreira jurídica. Julier se limitou a reafirmar crença na Justiça como forma de esclarecer toda e qualquer dúvida que possa pairar sobre qualquer pessoa ou qualquer ato.

Entre as apreensões feitas pela Polícia Federal em sua casa e no gabinete onde atua, Julier apresentou o auto de apreensão relacionando os documentos levados, em sua maioria pesquisas eleitorais de diversos institutos que serviram para ele tomar conhecimento de assuntos políticos. Ele confirmou ainda a apreensão de um veículo Mitsubishi Pajero Blindada de propriedade de Osvaldo Cabral que estava cedido a ele para viagens e locomoção.

“Por mais de 10 anos eu tive proteção policial por causa de diversos casos julgados (operação Arca de Noé, deflagrada por ele e pelo então procurador da República, hoje senador, Pedro Taques (PDT) contra João Arcanjo Ribeiro) e depois por questões operacionais e administrativas a Polícia Federal retirou a escolta e, então, um empresário amigo meu ofereceu o veículo para viagens ao interior e para a minha locomoção”, justifica Julier.

Apontando estar tranquilo, Julier disse já ter constituído advogado e estar pronto para se defender, convicto de não ter feito nada de errado e não ter em nenhum momento transgredido na sua conduta como magistrado federal. Cobrou uma célere apuração de todos os fatos para que não haja dúvidas quanto a lisura de seu trabalho e a conduta de sua vida pública enquanto julgador e enquanto cidadão comum.

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