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Jefferson anuncia tentativa de acordo para fugir de cassação

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Em um depoimento conturbado na CPI do “Mensalão”, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) anunciou que o seu partido busca junto ao PT uma forma de legalizar o repasse de R$ 4 milhões que não foram contabilizados. Com isso, ele pretende evitar a cassação do seu mandato.

As negociações estariam sendo feitas, de acordo com Jefferson, entre o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, e o presidente do PT, Tarso Genro. Mares Guia já negou as declarações de Jefferson. O recebimento do dinheiro não contabilizado foi o único crime assumido publicamente por Jefferson.

O dinheiro a que Jefferson se refere seria a primeira parte dos R$ 20 milhões que, segundo ele, o PT iria repassar ao PTB como ajuda para pagar os gastos de campanha. Segundo ele, Valério entregou a verba em malas de rodinhas, a pedido do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares

O deputado fluminense também deu pela primeira vez detalhes da suposta negociação entre os PT e PTB com a Portugal Telecom. Segundo ele, a negociação envolvia a liberação de 8 milhões de euros que seriam divididos entre petebistas e petistas.

Jefferson reafirmou que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza era o representante do governo brasileiro junto a Portugal Telecom e com ironia chegou a chamá-lo de “embaixador do Brasil em Portugal para assuntos de telecomunicações.”

Mais exaltado do que em depoimentos anteriores, Jefferson afirmou à CPI que o chamado núcleo duro do governo classifica os partidos aliados como “burguesia corrupta, legendas prostitutas, que se alugam”.

“De acordo com o ex-presidente do PTB, o grupo, comandado pelo ex-ministro José Dirceu, nunca deixou que os partidos da base participassem do processo decisório do governo. ‘Eles não nos convidaram para participar das decisões, pensar o governo. Não distribuíram o poder, alugaram as legendas.”

Ainda sobre o dinheiro recebido do caixa dois do PT, Jefferson afirmou que não tem como devolver os R$ 4 milhões que ele diz ter recebido do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. “Eu distribuí, só não vou dizer como nem para quem”, disse. Ele afirmou ainda que as pessoas que receberam estavam na esperança de que o PT iria legalizar os recursos.

Recursos

Depois de ameaçar que iria entrar com representações no Conselho de Ética contra deputados do PP, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), disse que desistiu de apresentar os requerimentos. “As representações foram ridicularizadas. Perderam o sentido”, disse Jefferson.Os requerimentos anunciados pela presidência do PTB há algumas semanas seriam contra os deputados Pedro Henry (PP-MT), Pedro Corrêa (PP-PE) e José Janene (PP-PR).

Segundo o deputado, foi instalada “uma guerra burra” no Congresso entre as legendas que compõem a base aliada ao governo, em especial entre PTB e PL. A “guerra” já causou baixa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que renunciou ao mandato de deputado nesta semana. À CPI, Jefferson disse que as baterias estão voltadas para o alvo errado. “Nós estamos nos atacando, quando deveríamos mirar o outro lado da rua”, referindo-se ao Executivo.

Irritação

Durante a sessão, Jefferson levou uma advertência da presidência da comissão por mau comportamento. Em um rompante, rasgou cópias de reportagens enviadas à mesa da CPI pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). A sessão foi interrompida para o deputado se recompor.

As reportagens divulgadas por Suplicy apontam encontros em Aquidauana (MS) entre Jefferson e o ex-funcionário dos Correios Maurício Marinho –flagrado em uma gravação recebendo R$ 3 mil. Nos textos, as pessoas ouvidas afirmam que Jefferson e Marinho se comportam em um almoço em um restaurante da cidade “como grandes amigos”. Depois da repreensão, mais calmo, Jefferson devolveu cópias dos documentos rasgados por ele, que sua assessoria havia providenciado.

O ex-presidente do PTB deu ainda os detalhes do que ele classificou de “operação casada”. Esta foi a proposta feita pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza transferir os recursos do IRB (Instituto de Resseguro do Brasil) para o português BES (Banco do Espírito Santo) em troca do financiamento deste banco para reestatizar as linhas de transmissão da holding Eletronorte.

Ele reafirmou ter certeza que Valério não tratava apenas contratos de publicidade e deu como exemplo a “operação casada” e as negociações de empresário com a Portugal Telecom e as próprias operações bancárias feito por Valério em nome do PT.

“Em meados de março, Marcos Valério me procurou na sede do PTB com a proposta da transferência dos recursos do IRB para o Banco do Espírito Santo [de Portugal] para renegociar a reestatização das linhas de distribuição da Eletronorte.”

Pelo acordo, segundo Jefferson, quando a instituição financeira recebesse os recursos do IRB, poderia financiar a Eletronorte para nacionalizar novamente suas linhas. “Era uma operação casada.”

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