Ao requerer a realização de uma audiência pública da Comissão de Infra-Estrutura do Senado Federal para acompanhar o andamento das obras da Ferronorte, nesta quinta-feira, em plenário, Jayme Campos mostrou-se preocupado com a morosidade na construção da estrada de ferro que sofre entraves burocráticos e financeiros para o seu prosseguimento. “Devemos ter em mente que sete Estados brasileiros terão suas economias afetadas diretamente pela ferrovia”, lembrou.
O senador argumentou que o país cresceu e poucos investimentos foram feitos no sistema multimodal de transportes. “As estradas são hoje gargalos para o escoamento das riquezas nacionais”, advertiu. Ele rememorou que na época da pavimentação da BR-163, no trecho entre Cuiabá e Campo Grande, Mato Grosso não produzia grãos e, agora, responde pela colheita de 27 milhões de toneladas destas commodities.
“É lógico que essa estrada foi concebida para um tipo de carga muito inferior à que é praticada na atualidade. Seu pavimento não suporta a pressão exercida sobre ele durante o período da retirada da safra”. Jayme protestou contra a autorização da ANTT para a construção de apenas 13 quilômetros da ferrovia neste ano, entre os municípios de Alto Araguaia e Rondonópolis. “Ora, é um trecho insignificante se levado em consideração que o cronograma ajustado inicialmente entre o Ministério dos Transportes e a América Latina Logística, empresa concessionária, previa a chegada dos trilhos até Rondonópolis em 2010”, alertou.
Mas, o parlamentar se revelou temeroso quanto à falta de agilidade para a elaboração de estudos sobre o impacto ambiental da obra no prolongamento até Cuiabá. Ele quer uma ação direta das autoridades envolvidas no setor para que o cronograma da construção “não fique ainda mais prejudicado”.
Outro fator que levou Jayme Campos a solicitar a audiência pública foi a paralisação da obra, que gera insegurança sobre a saúde financeira da empresa que detém a concessão da exploração da ferrovia pelos próximos 90 anos.
O senador também elogiou a criação do Fórum Pró-Ferrovia, que congrega empresários e autoridades regionais e se comprometeu a engrossar fileiras para a conclusão da obra:
“Ainda no 2º Império, o Barão de Mauá assentou os primeiros trilhos ferroviários no Brasil. Mais de um século separa essa epopéia dos dias atuais. E, ainda hoje, nós mato-grossenses, olhamos nossas planícies e cerrados esperançosos em ver a chegada do trem. Ao finalizar, disse da luta do povo mato-grossense pela ferrovia: “O desenvolvimento veio antes da ferrovia; porque a coragem de nossos pioneiros é mais firme que os trilhos e o empreendedorismo de nossa gente, mais veloz que as locomotivas. Mas, a Ferronorte vai significar um novo caminho para o progresso”.