Nos dias 27 e 28 de outubro será realizado em Cuiabá um grande evento para avaliar e discutir o impacto ambiental que representariam as obras de conclusão da BR-163 que liga Cuiabá a Santarém (PA). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (18) pelo secretário-chefe da Casa Civil, Luiz Antônio Pagot. “Do eixo da BR-163 até 100 quilômetros para cada lado devem ser adotadas algumas normas e procedimentos que envolvam a constituição de áreas de exploração florestal dentro de um programa de planejamento sustentável, implantação de projetos agrários, assentamentos e outros projetos”, explicou o secretário.
Antes deste evento, no início de setembro, haverá outro encontro em Cuiabá com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para discutir um grande arco de preservação florestal. Numa área que abrange as fronteiras com os estados de Goiás, Tocantins, Pará, Amazonas e Rondônia o Conama, com o apoio do Estado, tomará medidas para preservação de longo prazo. “O Governo de Mato Grosso quer criar áreas de preservação permanente junto com produtores instalados na região e organizações não-governamentais”, disse Pagot.
Esse assunto foi discutido nesta quinta-feira numa reunião entre o governador e o representante do Greenpeace, Paulo Adário. “O Greenpeace veio para entender a ótica do Estado a respeito de algumas questões e até propôs ser intermediário do Governo com algumas organizações ambientais que adotam uma postura mais radical, para que haja diálogo e que o programa seja sustentável, que exista a exploração de madeira e outras atividades econômicas de maneira sustentável. E é dentro desta ótica que o governo está trabalhando”, afirmou o secretário.
Em relação às obras da BR-163, estão se formando consórcios nacionais para disputar a licitação. Segundo o secretário Luiz Antônio Pagot, provavelmente em outubro ou novembro haverá a licitação para a concessão da rodovia nos moldes de implantação de estrada, com ressarcimento mediante a cobrança de pedágio. “É um projeto de implantação de três anos — e estamos vendo a formação de várias empresas que vão disputar a licitação. O governo federal também analisa a viabilidade de fazer a pavimentação da BR-163 por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), na qual o próprio governo federal entraria como investidor e as empresas que implantariam a rodovia teriam a contrapartida de mais de 50%”, disse o secretário.
Pagot reiterou que qualquer uma das duas alternativas – por meio de concessão ou PPP – atende aos interesses de Mato Grosso. A importância da rodovia não se restringe a Mato Grosso, mas ao Brasil. A avaliação é que a partir do eixo da BR-163 de Cuiabá até a divisa do estado poderá ser implantada uma série de projetos agroindustriais que evitariam que as commodities tivessem a pressão negativa de altas e baixas do mercado. “Você não estaria vendendo mais produtos in natura como algodão, soja e outros grãos. Estaria processando os produtos ou na forma de têxteis ou produtos vegetais”, observou.
Um exemplo é a Perdigão, que começou a operar oficialmente em Nova Mutum (250 km ao Norte de Cuiabá) na última segunda-feira com uma unidade que exportará carne de frango para vários países. Outros grupos, como a Sadia e outras empresas, também estão tentando se posicionar no eixo da BR-163, porque sabem da importância desse projeto para os produtos brasileiros para atingir o mercado mundial. “São projetos importantes para mato grosso, de geração de emprego e renda e dependem fundamentalmente da implantação desta estrada”, disse o secretário.