O governo federal está avaliando a possibilidade de fazer uma concessão “casada” da BR-163 e da ferrovia Sinop-Miritituba, a “Ferrogrão”. A ideia seria repassar as duas estruturas para uma única empresa, como forma de destravar o empreendimento ferroviário que já se arrasta há mais de uma década e prevê ligar Sinop ao porto de Miritituba, no Pará.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a avaliação do governo é de que a concessão do trecho da BR-163 entre Sinop e Miritituba seria um atrativo a mais para empresas interessadas em construir a Ferrogrão. Isso porque a rodovia seria capaz de gerar retorno financeiro imediato, enquanto que a ferrovia levaria anos para ser construída e possibilitar lucro para os investidores.
A publicação aponta ainda que o governo pretende leiloar a ferrovia e a rodovia já em 2025. Se o projeto for adiante, a nova empresa assumiria o trecho da BR-163, que hoje é de responsabilidade da concessionária Via Brasil. A Folha informou ainda que, conforme o Ministério dos Transportes, o assunto ainda está em fase de estudos técnicos, mas que potenciais investidores “reagiram bem” à proposta.
No final de agosto, conforme Só Notícias já informou, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, disse que foi entregue, recentemente, ao Supremo Tribunal Federal, novos estudos técnicos, de impacto ambiental da viabilidade da Ferrogrão.
“Entregamos o estudo atualizado e precisamos aguardar a manifestação para avançarmos com mais previsibilidade quanto ao cronograma para realização do leilão. Temos expectativa de que isso aconteça ao longo das próximas semanas e possamos lançar cronograma para leilão, obras e entrega da infraestrutura”, declarou, em evento do agronegócio. “Destravando com o STF acredito que possamos avançar mais rápido e voltar a ter debates mais amplos com a sociedade” emendou o diretor.
O projeto da ferrovia ficou travado por mais de três anos após o PSOL ajuizar ação que questiona o traçado de 933 km de extensão da ferrovia por impactos ambientais no parque nacional do Jamanxim que teria cerca de 860 hectares de sua área destinada para os trilhos da ferrovia que passariam próximos de seis áreas indígenas. Em maio do ano passado, o STF determinou novos estudos.
A projeção é que a ferrovia custará R$ 30 bilhões e transportará centenas de toneladas de grãos, madeira e demais produtos do Nortão e Médio Norte até porto de Miritituba, reduzindo o custo de frete. No estudo anterior da ANTT era previsto que a ferrovia tiraria 1 milhão de toneladas de carbono da atmosfera.
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