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Governo pode fechar parceria para certificar propriedades em Mato Grosso

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O Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (IPAM) deve fechar uma parceria de cooperação com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para ajudar a avaliar o desempenho de licenciamento ambiental em Mato Grosso. Com mais de cem funcionários e fundado há dez anos, o IPAM é uma organização não-governamental (ONG) com sede em Belém (PA) e que possui escritórios em Brasília (DF) e Santarém (PA).

“Somos um grupo de pesquisadores que aborda as questões ecológicas, mas também as econômicas e sociais”, explicou o doutor em Biologia e pesquisador do IPAM, Daniel Nepstad, que esteve reunido nesta sexta-feira (08.07) com o governador Blairo Maggi, no Palácio Paiaguás, para fazer um relato das ações da ONG.

O IPAM trabalha há um ano e meio no Estado visando à redução dos incêndios florestais e também à recuperação das matas ciliares. O Instituto também desenvolve ações que podem ajudar produtores e pecuaristas, que trabalham dentro da legislação, a conseguirem certificação ambiental.

O Governo de Mato Grosso já está elaborando um programa que visa à certificação das propriedades rurais que estejam em conformidade com a lei ambiental. “Temos muito interesse em apoiar e premiar as iniciativas dos produtores, pecuaristas e agricultores familiares que cumprem a legislação ambiental e que adotam boas práticas em suas propriedades”, disse Nepstad, um americano de 47 anos e que há 21 trabalha na Amazônia.

Ele esteve na audiência acompanhado de Daniel Zarin e Roberto Buschbacker, da Universidade da Flórida, que mantém parceria com o IPAM e, ainda, de Cláudia Stickler, aluna de doutorado da universidade, que desenvolve uma tese sobre as cabeceiras do Xingu. A exemplo de Cláudia, que atua como pesquisadora do IPAM, vários alunos do Brasil, Peru e Bolívia, que se formam pela Universidade da Flórida, estão trabalhando no Brasil.

No estado, algumas empresas que desenvolvem atividades em segmentos como o madeireiro e o sucro-alcooleiro já possuem certificação. O próximo passo é trabalhar para certificar empresas exportadoras de commodities, como a soja.

Na audiência com o governador, Nepstad fez um relato sobre o andamento dos trabalhos e como os segmentos econômicos devem aproveitar as oportunidades no mercado externo. As notícias sobre o desmatamento recorde na Amazônia podem até reverter positivamente para aqueles empresários que cumprem a lei. É que os compradores internacionais de grãos e carnes começam a impor barreiras aos produtos oriundos de mercados que não adotam o manejo sustentável.

O processo de certificação passa pelo envolvimento de várias instituições, tanto privadas como de produtores, pecuaristas, produtores familiares, além das entidades ambientais. “Esse grupo trabalha na definição dos critérios ambientais aceitáveis. Tem que andar independentemente do governo”, explica Nepstad, que também é membro do Woods Hole Research Center, nos EUA. A implantação de um sistema de licenciamento pela Sema, é o primeiro passo para garantir aos mercados que as propriedades adotam um modelo de gestão ambiental.

“Na nossa leitura, a implementação de uma legislação ambiental é uma maneira de abrir os mercados internacionais para soja, a carne e outras commodities”, observa o pesquisador. Alguns países, como a Suécia, já anunciaram que o exportador de soja brasileiro não terá acesso ao mercado externo se não cumprir os requisitos de preservação ambiental.

Fundado em 1995, o IPAM trabalha no Pará com serrarias que querem se certificar e ainda com comunidades que praticam a agricultura familiar, principalmente nas regiões de Paragominas e Santarém. A entidade também apóia as comunidades, orientando-as no manejo das florestas, diminuindo os prejuízos com fogo. Um dos programas do instituto é a gestão de lagos em Várzea, no entorno de Santarém, com comunidades de pescadores. O IPAM também elabora modelos que simulam o futuro da Amazônia, das florestas, do clima e das economias em função de possíveis cenários de políticas públicas.

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