Com duas novas derrotas ontem no Congresso, uma delas para o governador de São Paulo e presidenciável tucano para 2006, Geraldo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que sua articulação política “chegou ao fundo do poço”, expressão usada em conversas reservadas no Palácio do Planalto.
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) pediu demissão semana passada, mas Lula solicitou que continuasse por mais um tempo. Ontem, quando o partido de Aldo, o PC do B, lavou as mãos na disputa com Alckmin, Aldo pôs de novo o cargo à disposição.
O PT, em peso, deseja que José Dirceu recupere a articulação política, mas o ministro da Casa Civil prefere que Aldo seja substituído pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP).
Lula, porém, não tomou decisão. Está estudando e disse a auxiliares que, se a imprensa souber antes, pode não fazer nada. Ele avalia ainda dar ministério ao PP.
Desde a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidente da Câmara em fevereiro, o governo tropeça freqüentemente no Congresso. Ontem, a Câmara escolheu seu representante no Conselho Nacional de Justiça. Venceu Alexandre de Moraes, secretário da Justiça de Alckmin.
Ainda ontem, o ministro Dirceu foi convocado por uma comissão do Senado, de surpresa. O governo tentava derrubar a convocação, mas o cochilo no dia da derrota para Alckmin, que esteve anteontem em Brasília no maior ato da cúpula do PSDB contra o governo, assustou o presidente.
Lula já estava irritado com a prorrogação por um ano dos mandatos das direções nacional e estaduais do PMDB. Isso garante ao atual presidente do PMDB, Michel Temer, da ala oposicionista do partido, o controle do processo eleitoral partidário em 2006. No mínimo, enfraquece os governistas do PMDB, com os quais Lula ser reuniu ontem, e encarece o preço de aliança.