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Geller diz ‘não ter’ culpa por leilão, sai do ministério com ‘cabeça erguida’ e sinaliza romper com Fávaro

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Só Notícias (foto: reprodução Band News TV)

Neri Geller (PP) confirmou, há pouco, sua saída da secretaria Nacional de Política Agrícola, posto número 2 do ministério da Agricultura. Ele negou ter responsabilidade na realização do leilão de arroz da Conab, que acabou sendo anulado após empresas vencedoras, algumas consideradas não sendo do setor, e uma delas tem seu filho como sócio.

Sobre sua demissão, ele declarou que “o tempo vai esclarecer”. “Tenho respeito grande pelo governo, acho que foi um equívoco esse leilão, acho com convicção e não é posição agora. É posição desde o início e o setor sabe disso, a esplanada dos ministérios sabe disso mas sou um cara que sigo hierarquia. Eu me referi a eu não ser eu o culpado por esse equívoco cometido. Não posso ser penalizado por um erro político que foi cometido na condução desse leilão. Vamos deixar as coisas acontecerem que, no decorrer do desenrolar das coisas, a gente vai conversando e deixando as posições muito claro sempre trabalhando 100% com a verdade”, declarou, esta manhã, em entrevista a Band News TV. “Saio com a cabeça erguida, com a confiança do setor (agro) e a certeza que o presidente Lula vai continuar fazendo um bom trabalho”, acrescentou.

É a segunda passagem de Geller pela secretaria (no governo Dilma ele exerceu o cargo e depois foi ministro). Ele havia assumido em dezembro. Neri Geller também analisou sobre o futuro do setor do agronegócio com governo Lula – ele foi um dos interlocutores de produtores de Mato Grosso (maioria apoiou o ex-presidente Bolsonaro) e demais Estados com o governo Lula. “O governo, na minha modesta opinião, precisa corrigir rumos de articulação política e não estou falando do Padilha (ministro Alexandre Padilha, da secretaria de Relações Institucionais), é um gigante, tá fazendo até em algumas ações o impossível e quero reconhecer isso. Mas a relação de alguns ministérios com a bancada do agronegócio (parlamentares) que é tão forte, que são idealistas, que trabalham com a convicção de defender o setor, mesmo que ideologicamente contra o governo, eles podem e devem ser aproveitados a favor do Brasil, as pautas que são convergentes como é o caso da produção (agrícola)”, declarou.

“Com certeza eu fiz muita coisa, ajudei muito não só agora durante o governo mas principalmente na campanha eleitoral. Fiz pela convicção de fazer e faria de novo mas acho que precisam ser corrigidos erros e acredito que Lula é muito inteligente e perspicaz vai saber conduzir para que a gente pacifique e possa voltar a normalidade e voltar a produção sendo grande elo da economia brasileira”, acrescentou Geller.

Ao ser questionado sobre o posicionamento de parte da bancada do agronegócios que pede a saída do ministro Carlos Fávaro no ministério, Geller disse que “não posso aqui sair atirando no ministro Fávaro, não vou fazer isso até por minha ética até pelo cargo que ele exerce hoje. Mas a relação do Congresso Nacional precisa ser melhorada, no nosso entendimento. Com certeza é a bancada mais forte hoje, no Congresso, é a Frente Parlamentar da Agropecuária”. “Com relação ao ministro eu não vou me ater a essas questões que são contra ou a favor e pedem queda, seria antiético da minha parte. Não faço isso, não estou torcendo pela queda do ministro. Falo isso com toda tranquilidade. Tô torcendo para que ele pacifique, dialogue mais, para que ele converse e não centralize tantas ações, que confie mais na equipe técnica, no andar debaixo (2º escalão do ministério) e para que ele possa ter o suporte necessário e gerir essa pasta que é tão importante para o país”, declarou Geller que, assim como Fávaro, é de Lucas do Rio Verde.

A declaração de Geller ao se referir a Fávaro também é interpretada como desapontamento pelo ministro não ter lhe defendido no caso do leilão de arroz e possível rompimento político entre eles. Fávaro fez declaração discreta em entrevista, ontem, sobre a explicação que Geller lhe deu sobre o leilão, e não fez defesa direta de Neri Geller.

Com a saída de Geller do posto número 2 do ministério, o Estado também perde força política no primeiro escalão do governo federal. É provável que o próximo secretário de Política Agrícola não seja de Mato Grosso.

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