Arrolado como testemunha de acusação no processo resultante da operação Ventríloquo, o ex-deputado estadual Maksuês Leite admitiu, em depoimento prestado ao juízo da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que recebia uma verba “por fora” para manutenção de seu gabinete na Assembleia Legislativa. A ação apura desvio de aproximadamente R$ 9,6 milhões dos cofres do Legislativo por meio de suposta fraude no pagamento de dívida pela contratação de seguro de servidores junto ao HSBC entre 2013 e 2014.
Leite foi questionado pelo Ministério Público Estadual (MPE) sobre a existência de um “mensalinho” na Assembleia. Ao admitir que recebia R$ 30 mil mensais, o ex-deputado explicou que a verba tinha como objetivo o custeio da atividade parlamentar, semelhante ao que ocorre com a verba indenizatória, que atualmente é de R$ 65 mil por mês para cada deputado.
Ele foi eleito para a legislatura que se iniciou em fevereiro de 2007 e afirma que, naquela época, não existia a verba indenizatória nos moldes de hoje. Desta forma, lhe era repassado o valor fixo para custeio de passagens e outras despesas com seus eleitores. No entanto, Leite esclarece que não há qualquer relação entre o valor recebido com um suposto mensalinho. “Nunca a Mesa Diretora me solicitou que eu votasse de uma maneira ou de outra”.
O ex-parlamentar, que atua como colaborador em outras ações que investigam suposto esquema de fraude na Assembleia, destaca que não teria problema em admitir caso houvesse tal irregularidade. “No estado em que estou, não teria problema falar sobre a existência de um mensalinho, mas eu tenho que falar a verdade, e o fato é que eu recebia uma verba que chegava todo fim de mês para eu poder manter meu gabinete funcionando”.