Em depoimento à juíza da Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, hoje, o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, revelou que foi chamado de “cagão” pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) diante de sua resistência em aceitar logo de imediato fazer parte do esquema de desvio de dinheiro envolvendo a desapropriação do terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
O esquema envolvendo a desapropriação de uma área de 55 hectares custou aos cofres públicos o valor aproximado de R$ 31,8 milhões e foi objeto de investigação na 4ª fase da Operação Sodoma. Do valor total, segundo as investigações da Polícia Civil e Ministério Público Estadual (MPE), houve uma cobrança de propina de R$ 15,8 milhões. O terreno estava avaliada em R$ 17, 8 milhões, mas o Estado pagou R$ 31,8 milhões.
Afonso foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) e virou réu numa ação penal. Depois assinou acordo de colaboração e agora depõe nesta condição. Além dele constam como réus outras 11 pessoas: o ex-governador Silval Barbosa, os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf (Casa Civil), Marcel de Cursi (Sefaz), Arnaldo Alves de Souza (Planejamento), o ex-chefe de gabinete, Silvio Cézar Corrêa Araújo, o procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Lima Andrade Lima Filho (Chico Lima), Antônio Rodrigues de Carvalho (arquiteto), Levi Machado de Oliveira (advogado), João Justino Paes de Barros (funcionário público) e os empresários Alan Ayoub Malouf e Valdir Agostinho Piran.
No depoimento, Afonso Dalberto também revela para a magistrada que enquanto esteve preso no Centro de Custódia da Capital (CCC), sofreu pressão para não delatar o esquema, principalmente, segundo ele, do ex-secretário Marcel de Cursi. Durante a prisão ele conta que chegou a pensar em cometer suicídio e não o fez "por sorte".
Afonso lembrou que em 2014 o Estado não tinha recurso para pagar as desapropriações, mas que o então governador Silval Barbosa, mandou ele dar um jeito. Reafirmou que todo a negociação e pagamento a ele de R$ 600 mil como propina foi feita por intermédio de Chico Lima.
Dalberto foi preso na 3ª fase da Operação Sodoma. Depois decidiu colaborar com a Justiça e virou delator. Os detalhes do esquema revelados por ele subsidiaram a deflagração da 4ª fase da Sodoma.