A semana, o trimestre e o semestre começaram agitados e trazendo boas novas para os preços da soja. Na sessão desta segunda-feira, os futuros da oleaginosa dispararam e subiram mais de 2% na Bolsa de Chicago, ou mais de 20 pontos.
O contrato novembro/17, o mais negociado deste momento e referência para a safra nova dos EUA, fechou com US$ 9,80 por bushel, após bater em US$ 9,91 na máxima do dia. Ao longo dos negócios, os ganhos foram ainda mais expressivos. O mercado futuro norte-americano do trigo foi quem liderou o rally nesta segunda, subindo mais de 5% somente em Chicago e, na Bolsa de Minneapolis, o preço chegou a superar os US$ 8,00 por bushel, contra pouco mais de US$ 5,00 há um mês.
As condições de clima nos Estados Unidos seguem no centro das atenções do mercado internacional de grãos e dando um importante estímulo às cotações neste momento. “As previsões indicam tempo quente e seco nas Planícies do Norte na próxima semana e a safra está sofrendo com essas condições de seca”, diz o analista de mercado Bob Burgdorfer, do portal internacional Farm Futures.
No Meio-Oeste americano, por outro lado, as previsões já mostram tempo ainda quente, porém, mais úmido nos próximos dias. Os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos Estados Unidos, mostram que, no período dos próximos 6 a 10 dias, as temperaturas devem ficar acima da média em boa parte das princinpais regiões produtoras, principalmente as Dakotas, e as chuvas, abaixo do esperado para esse período.
“Estamos vivendo o famoso Weather Market (Mercado Climático) e o mercado deverá colocar mais prêmio clima nos preços nos próximos dias”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa. “Em termos climáticos, o que era uma especulação nos últimos 10 dias, começa a se tornar uma realidade, que aumenta mais ainda as preocupações, já que os mapas continuam mostrando tempo quente e seco”, completa.
Ainda de acordo com informações apuradas pela Labhoro, “no front meteorológico, o clima do final de semana veio em linha com o que os mapas previam na sexta-feira, com chuvas mais concentradas para o Delta, Sudeste, leste do Corn Belt e áreas do Nebraska. As chuvas aconteceram em dias intercalados e no sábado o tempo seco predominou em todo do Cinturão”.
Nesse novo ambiente que começa a se desenhar para a safra norte-americana, os fundos começam a cobrir parte de suas posições e estimular ainda mais o avanço das cotações.
Segundo explica o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, em Genebra, na Suíça, a nova resistência do contrato novembro, portanto, passa a ser os US$ 9,80 e, alcançado e mantido, deve buscar os US$ 10,00 por bushel na CBOT.
*Nesta terça-feira, 4 de julho, a Bolsa de Chicago não funciona em função do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Os negócios serão retomados na quarta-feira, depois das 9h (horário de Brasília). E também na quarta chega o novo reporte semanal de acompanhamento de safras atualizando os índices das condições das lavouras norte-americanas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Mercado Brasileiro
No Brasil, a ligeira baixa do dólar acabou perdendo força na formação dos preços da soja frente à disparada das cotações em Chicago. Tanto entre as referências da soja disponível, quanto da safra nova subiram mais de 1%. No interior do país, os preços também subiram.
No disponível, o porto de Rio Grande chegou a testar os R$ 72,00 por saca e, em Paranaguá, os R$ 71,50. Em pontos como o Oeste do Paraná, os valores alcançaram algo entre R$ 64,50 e R$ 65,50 neste início de semana.
Assim, “o mercado está com uma melhor movimentação”, como relata o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais. E para o executivo, apesar de orientar o produtor a ir participando, aos poucos, desses melhores momentos do mercado, Motter acredita que o mercado ainda pode registrar novas valorizações.
“Acredito que alta ainda não terminou, acredito que podemos ter alguns transtornos climáticos (nos EUA) ainda pela frente”, diz o analista.