Com receio de não ter respaldo para comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará pagamentos de cartas de créditos aos membros do Ministério Público Estadual, o deputado José Domingos Fragas (PSD), escolhido para presidência, poderá entregar o cargo. Conforme o deputado, tudo dependerá de uma conversa que ocorrerá nos próximos dois dias com a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
"Fico grato pelo reconhecimento do meu trabalho, mas preciso conversar com a Mesa Diretora para assumir esta responsabilidade que é investigar indícios de irregularidades envolvendo um órgão respeitoso que é o MPE. Quero apoio amplo da Mesa, caso contrário recusarei a função".
Zé Domingos prefere não comentar, ao menos por enquanto, quais serão todas as imposições. Adiantou que uma delas é estrutura de pessoal. "Para que tenhamos resultados preciso de suporte e as minhas exigências estão a 'Sete Chaves' e, após conversar com os membros da Mesa, serão expostas à sociedade".
O deputado descartou sofrer algum tipo de perseguição por parte do Ministério Público. "Não tem revanche algum. Iremos investigar apenas uma denúncia e com muita cautela. Somos iguais e podemos analisar o que chegou ao conhecimento desta Casa. Nada pode estar à margem da Legislação. Não podemos agir com irresponsabilidade e expor o MP que faz um brilhante trabalho no país".
Ao ser questionado se as investigações serão restritas apenas as cartas de crédito, o parlamentar revelou que nos bastidores, alguns deputados desejam ampliar as investigações para outros setores. "Tem deputado que pede investigação abrangente, mas isso dependerá muito de respaldo jurídico da Procuradoria da Casa".
A polêmica envolvendo pagamento de cartas de créditos à 47 promotores e procuradores do MP, no valor acima de R$ 10 milhões, foi denunciado pelo ex-secretário de Fazenda Eder Moraes, em um depoimento na CPI das Obras da Copa.
Dos 24 deputados estaduais, somente Zeca Viana (PDT) não assinou o requerimento pela criação da CPI do Ministério Público.