Os nomes dos senadores Jonas Pinheiro e Jaime Campos apareceram como alguns dos integrantes da bancada do DEM que teriam votado pelo arquivamento do relatório que pedia a cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado Federal, acusado de quebra de decoro parlamentar. Os dois declararam que votaram pela cassacão. Em conversas reservadas, parlamentares afirmam que traições no DEM teriam contribuído para o resultado. Renan escapou da cassação por 40 votos a 35. Seis senadores se abstiveram.
Na quarta-feira, assim que terminou a sessão no Plenário, realizada a portas fechadas, líderes da oposição afirmaram que o PT havia sido o responsável pela absolvição de Renan. Porém, números de diversos parlamentares apontam para possíveis traições de dez dos 17 senadores do DEM.
Além de Jaime e de Jonas, na lista estariam os nomes de Adelmir Santana (DEM-DF), Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), César Borges (DEM-BA), Romeu Tuma (DEM-SP), Efraim Morais (DEM-PB), Heráclito Fortes (DEM-PI), Maria do Carmo Alves (DEM-SE) e Edison Lobão (DEM-MA).
Por meio de nota, o partido apenas destaca que o Senado “deu as costas à sociedade”. Apesar do tom oficial, senadores do partido admitiriam, em conversas reservadas, a possibilidade de traições e teriam confessado que jogar a culpa no partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria mais uma estratégia do que uma convicção.
Mas o PT não é acusado sem motivos como responsável. Dos 12 senadores do partido, segundo parlamentares, há certeza apenas que Eduardo Suplicy (PT-SP), Augusto Botelho (PT-RR) e Flávio Arns (PT-PR) votaram pela cassação. A sigla é apontada como líder das abstenções, que teriam sido puxadas pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP). A senadora Fátima Cleide (PT-RO), que teria tomado esse caminho, teria apelidado sua legenda, em conversas reservadas, como o “partido da abstenção”.
Na prática, o voto pela abstenção beneficiou Renan, pois faltaram exatamente seis votos para aprovar a cassação. Se existem dúvidas sobre qual partido teria ajudado mais na permanência do presidente do Senado, é consenso que praticamente todos se dividiram. Apenas o PTB, que tem seis senadores, e o PR, que tem três senadores, teriam votado unidos, entregando nove votos pela absolvição do colega.
Além desses, os senadores Inácio Arruda (PC do B-CE), Francisco Dornelles (PP-RJ) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) votaram pela absolvição, enquanto que José Nery (PSOL-PA) decidiu pela cassação.
Além do DEM, possíveis traições no PSDB teriam contribuído para a absolvição de Renan. Segundo parlamentares, os tucanos não conseguiram a unidade, apesar do fechamento de questão pela cassação. João Tenório (PSDB-AL) estava liberado pelos colegas, mas existem dúvidas sobre o voto de Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
No próprio partido de Renan, teria havido traição. Também no partido de um dos relatores do processo de cassação, Renato Casagrande (PSB-ES), há dúvidas. A senadora Patrícia Saboya (PSB-CE) acompanhou o colega, mas existem dúvidas sobre o voto de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O PDT de Jefferson Peres e Cristovam Buarque, que foram os dois primeiros a pedir o afastamento de Calheiros da presidência, também não votou unido. João Durval (PDT-BA) seria o “traidor” que teria votado pela absolvição. Com Agência Estado