Dois dos mais conhecidos elementos pivôs dos escândalos nacional dos últimos meses, o tesoureiro licenciado do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, e o ex-assessor parlamentar do deputado José Nobres Guimarães (PT-CE), José Adalberto Vieira da Silva, já foram personagens na vida do Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso. Delúbio Soares foi um dos responsáveis pela negociação política que garantiu o apoio do PT, em 96, ao então candidato e depois prefeito eleito Roberto França. Já José Adalberto, preso com dólares na cueca em São Paulo, militou na ala mato-grossense do partido na década de 80.
A presença dos dois personagens na vida do PT de Mato Grosso é tratada com certa distância e reserva pelos atuais militantes partidários. Ninguém quer comprometer mais a imagem desgastada da sigla. Muitos dizem sequer se lembrar, por exemplo, da época em que José Adalberto circulava no meio petista. O jornalista Cacá de Souza é um dos que se recordam “um pouco, vagamente” que o ex-assessor do deputado irmão de José Genoíno viveu em Cuiabá. “Sei que ele começou sua vida partidária aqui. Andava com o pessoal daquele antigo PT, do movimento na universidade” – conta.
Um dos detalhes que o jornalista diz se lembrar com precisão foi quando, numa noite, sentado numa mesa de um dos bares que circundam a Universidade Federal de Mato Grosso, ouviu José Adalberto dizer que estava retornando para o Ceará, seu Estado de origem. “Ele tinha uma namorada aqui. Não me lembro quem era. Nem sei se ela está mais por aqui. Mas ele foi embora” – frisou. “Me lembrei da presença dele aqui depois que o vi duas vezes na televisão”. Outro jornalista, José Roberto Amador, também se lembra de ter visto Adalberto – hoje notabilizado como o homem dos dólares na cueca – em Cuiabá nos idos daqueles anos.
Oficialmente, a história de Adalberto no PT em Cuiabá – ou outra cidade de Mato Grosso – não existe. Funcionários do partido dizem que se ele realmente ele assinou uma ficha de filiação na sigla, esta se perdeu com o tempo. Em 89, foi realizado um recadastramento e muitos registros se perderam. É possível que José Adalberto até tenha levado sua ficha junto com a transferência para outro Estado.
Já a passagem de Delúbio Soares por Cuiabá é mais misteriosa e o assunto tratado com mais reserva ainda. Delúbio esteve na capital para “fechar” os entendimentos entre a sigla e o PSDB em 96. Pela afinidade de anos e em defesa do funcionalismo público, uma parte considerável do partido desejava a aliança com o então candidato Roberto França. Essa ala era liderada pelo vereador Ivan Evangelista, hoje no PSB. No entanto, a ala mais a esquerda do partido, representada pelo grupo da então deputada Serys, decidiu lançá-la candidata a sucessão de José Meirelles. Delúbio representava o Campo Majoritário do PT.
Outro personagem envolvido em escândalo do PT que esteve em Cuiabá foi o secretário-geral Silvio Pereira, atualmente afastado. Como elemento da Coordenação Política do partido, Silvio foi designado para vir a Cuiabá para “alinhar” o partido no apoio ao governador Blairo Maggi – o que não foi de todo feliz, já que parte da bancada na Assembléia Legislativa continuou rebelde. O acordo com o Governo havia sido fechado por Maggi diretamente com o então candidato a presidente Lula, que disputava o segundo turno das eleições.
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Delúbio Soares negociou eleição em Cuiabá; José Adalberto militou no PT
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