A última reunião sobre as irregularidades nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Cuiabá, apontadas por três relatórios da Controladoria Geral da União (CGU), esquentou ainda mais o “clima” entre a Prefeitura de Cuiabá e o Governo do Estado. O prefeito Wilson Santos (PSDB) rebateu as afirmações do secretário estadual de Infra-estrutura, Vilceu Marchetti, que também participou da reunião em Brasília, que afirmou que a CGU considerou a defesa da Prefeitura muito “frágil”. Sem mencionar o nome de Marchetti, Wilson disse: “Não há, como foi dito por um representante do Governo do Estado, 14 irregularidades e uma defesa frágil. Aliás, esse representante ficou lá duas horas com a boca fechada, não teve a coragem de abrir a boca para defender Cuiabá, para defender o PAC em Cuiabá. Só abriu a boca depois para fazer fofoca e mentir para a sociedade”, disparou o prefeito.
Santos afirmou que foi a reunião foi “extremamente positiva”, e enfatizou que o PAC continua em Cuiabá e sob o comando da Prefeitura. O prefeito usou a ironia para comentar o que ele acredita ser uma jogada contra Cuiabá. “As manchetes nos jornais deveriam ser: CGU determina nulidade da licitação do PAC, CGU determina transferência do comando do PAC para Governo do Estado, para União”, comentou. Wilson reforçou que “felizmente” não foi isso o que aconteceu, mas sinalizou de que seria o desejo de alguns políticos do estado. “Está muito clara a estratégia de alguns políticos de Mato Grosso. Vamos carimbar o prefeito de incompetente desonesto. Muitos queriam isso, mas não foi isso que aconteceu”, alfinetou, completando dizendo que a CGU fez recomendações e que o Executivo Municipal já começou a trabalhar para sanar as irregularidades, que foram reconhecidas pelo prefeito.
Wilson lembrou que no primeiro relatório da Controladoria foram apontadas cerca de 40 irregularidades e que o município teve sete dias para responder. “Tivemos do dia 13 a 20 de março para responder e conseguimos sanar a maioria das irregularidades. Restaram algumas recomendações a Prefeitura, a Caixa Econômica federal e ao Ministério das Cidades”, informou. A partir de agora, ficou definido que a Prefeitura terá que tratar dos assuntos do PACD diretamente com o Ministério das Cidades.
O chefe do Executivo Municipal garantiu que assim que a reunião com a CGU acabou ele foi diretamente ao Ministério das Cidades onde foi recebido pelo ministro Márcio Fortes. “Fomos direto ao Ministério e fomos recebidos ministro. Dissemos que estamos de plantão a partir desse momento para entregar o mais rápido possível a documento, as provas comprobatórias, os documentos necessários para eliminar as possíveis falhas”, disse. Segundo o prefeito, o relatório final não foi entregue nem a Prefeitura nem ao Ministério das Cidades. “Possivelmente vamos receber o material na segunda-feira”, informou.
O prefeito negou que as licitações do PAC foram superfaturadas e reverteu totalmente as acusações que lhe foram feitas. “Nesse item sobre a compra de tubos de ferro fundido, a Prefeitura ficou entre a tabela Sinap e o preço de mercado. Nós optamos pelo preço de mercado, que estava 40% abaixo da tabela. Com isso economizamos R$ 15,280 milhões. Houve subpreço e não sobrepreço”, garantiu Santos. Em relação a Bonificação de Despesas Indiretas e aos estudos geológicos, dois itens apontados como irregulares pela CGU, Wilson disse que a Prefeitura já está sanando os problemas. “Já tomamos as providências e determinamos que as empresas que venceram as licitações abrissem o BDI e mostrassem todas as composições. Quanto aos estudos, isso também já foi acordado e as empresas tem até 30 dias para apresentar. Isso já havia sido amarrado no edital da licitação”, recordou.
Visivelmente irritado, Santos rechaçou a hipótese de que estaria fugindo do debate público ao se reunir de portas fechadas na Câmara dos Vereadores de Cuiabá. “Isso é lamentável. Estiveram presentes 16 vereadores, inclusive o Lúdio Cabral (PT), o Francisco Vuolo (PR), o Chico 2000 (PR), Domingos Sávio (PMDB), todos da oposição. Eu apenas segui uma determinação do legislativo. Foi a Câmara que deliberou em votação que eu fosse convidado e não intimado”, afirmou. Wilson contou que ficou acordado que ele volta ao legislativo no dia 28 de abril, numa sessão ordinária ou em uma audiência pública, conforme for determinado pela Câmara.