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Construtoras ‘lavaram’ R$ 18 milhões para quitar dívida de campanha de Silval

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O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) relatou ao Ministério Público Federal (MPF) que houve acordo com a empresa CR Almeida – membro do Consórcio VL – para obter “retorno”, ou seja, propina no montante de R$ 18 milhões com a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O valor corresponde a 3% dos R$ 600 milhões que o Estado pagaria pela obra, à época em que houve a contratação.

A informação consta na representação assinada pelo delegado da Polícia Federal Wilson Rodrigues de Souza Filho ao juiz da 7ª Vara Federal de Mato Grosso, onde pediu autorização para deflagrar a operação Descarrilho, realizada na semana passada, que apura esquema de corrupção nas negociações que envolveram o VLT.

O desvio tinha como objetivo pagar dívida remanescente da campanha eleitoral de 2010. Segundo Silval Barbosa, por meio da empresa Todeschini Construções e Terrplanagem Ltda, de propriedade de João Carlos Simoni, foi feito um empréstimo junto ao Banco Rural, em 2012, no valor de R$ 29,5 milhões para cobrir o rombo. E o dinheiro ilícito obtido com a CR Almeida seria para Silval saldar sua dívida com João Carlos Simoni, que por sua vez, pagaria a maior parte da dívida com a instituição financeira.

Conforme Silval, Simoni era “um empresário ligado ao grupo político” do PMDB. O delegado Wilson Rodrigues também destacou que ele é investigado na operação Ararath “em razão de sua relação com os integrantes da organização criminosa” que responde a processo por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.

Consta nos autos que o desvio de R$ 18 milhões do contrato do Estado com a CR Almeida ocorreu por meio da subcontratação da empresa Cohabita Construções Ltda., com o objetivo de simular uma prestação e serviços e disfarçar a propina.

Aos procuradores do MPF, Silval Barbosa contou que após a homologação do processo licitatório em que o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande saiu vencedor, pediu que o então secretário extraordinário da Copa Maurício Guimarães procurasse os executivos das empresas que compõem o consórcio para conversar sobre pagamento de propina que seria usada para saldar dívida de campanha junto ao Banco Rural.

O primeiro contato então teria sido feito com um representante da CR Almeida, que algum tempo depois faleceu. Num segundo momento, a negociação foi retomada por Maurício junto ao diretor da empresa Arnaldo Manoel Antunes, que concordou com o pagamento da vantagem indevida, desde que fosse somente referente aos valores das obras de engenharia e não de toda a obra, incluindo valores relativos à aquisição de equipamentos e sistemas informatizados, como o então governador queria.

Silval afirma ainda que a tratativa contou com o aval do presidente do conselho administrativo do grupo CR Almeida, Marco Antônio Cassou. Silval conta que, junto com Maurício Guimarães, se reuniu pessoalmente com ele e com Arnaldo Manoel Antunes para definir o valor da propina e também para orientar os executivos a subcontratar duas empresas ligadas a empresa de João Carlos Simoni, a Constil e a Cohabita, para viabilizar o esquema, que estaria disfarçado de prestação de serviços por meio de notas fiscais fraudadas.

O ex-governador contou ainda que não chegou a receber todo o valor acordado no esquema porque terminou o seu governo e também porque as obras não foram concluídas, ou seja, os pagamentos não foram executados. Silval também negou que tivesse recebido dinheiro diretamente, uma vez que era João Carlos Simoni que recebia por meio de suas empresas, com o compromisso de usar os valores para amortizar a dívida junto ao Banco Rural.

De qualquer forma, para a Polícia Federal, os crimes relacionados ao caso já estão configurados, mesmo que Silval Barbosa diga que não recebeu diretamente e que também não recebeu tudo o que esperava. Segundo o delegado Wilson Rodrigues, o fato aponta a prática de corrupção passiva por parte de Silval Barbosa e Maurício Guimarães, corrupção ativa por parte de Arnaldo Manoel Antunes. Todos estes, juntamente com Marco Antônio Cassou, João Carlos Simoni e Bruno Simoni (sócio administrador da Cohabita Construções e filho de João Carlos) praticaram o crime de lavagem de dinheiro, conforme a representação policial.

Além das declarações de Silval Barbosa, a Polícia Federal também embasou sua investigação em outros documentos, que confirmam o que foi dito pelo ex-governador em relação ao empréstimo junto ao Banco Rural e também aos contratos do Consórcio CR Almeida – Santa Bárbara com as empresas Cohabita Construções Ltda e Constil Contruções e Terraplanagem.

A principal destinatária de recursos foi a Cohabita, que no período de 1º de julho de 2012 a 13 de março de 2014, recebeu R$ 16,2 milhões.

O quadro societário dela é composto por Aline Berghetti Somoni e Bruno Simoni, ambos filhos de João Carlos Simoni, dono da Todescredi Construções. As investigações apuraram que essas duas empresas e a Constil fazem parte do mesmo grupo empresarial. 

Após a operação Descarrilho, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal, para apurar corrupção nas obras do VLT, o Consórcio emitiu nota onde afirma que está acompanhando o caso por meio de sua assessoria jurídica e ressalta seu interesse em concluir as obras.

Outro lado

O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande concentra-se neste momento, por meio de sua assessoria jurídica, na análise do extenso conteúdo disponibilizado, ao final da tarde desta quarta-feira (9), pela Justiça Federal de Mato Grosso.

O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, assim como a população mato-grossense, tem total interesse na elucidação de denúncias que envolvam executivos, colaboradores e atividades das empresas consorciadas, mantendo-se, para tal, à disposição da Justiça e autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos.

O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande segue firmemente no propósito de que todo e qualquer obstáculo à implantação do modal de transporte público seja superado, permanecendo à disposição do Governo do Estado de Mato Grosso para contribuir para que acordo pela retomada das obras possa ser firmado e homologado, com a efetiva conclusão e entrega do VLT para uso da comunidade de Cuiabá e Várzea Grande.

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