“O PMDB vai ter candidatura própria. Todos os prefeitos estiveram reunidos, e apenas Zé [José Carlos do Pátio, prefeito de Rondonópolis] não estava. E Silval será o candidato ao Governo. Todos do partido terão que enquadrar nisso”. No PMDB as coisas se decidem mais ou menos assim, na vontade de seu terno presidente, o deputado federal Carlos Bezerra. De comportamento questionado administrativamente e apontado como último caudilho da política do Estado, o deputado Carlos Bezerra, é um otimista contumaz quando fala do próprio partido. Otimista e exagerado. Nesta sexta-feira, ele previu um quadro colorido, pintado ao melhor estilo Van Gogh, para a sigla.
A par das informações sobre as divergências internas, Bezerra considera o vice-governador Silval Barbosa como o nome mais viável da sigla. Admitiu que a resistência maior contra Barbosa vem – ou pelo menos vinha – de Pátio, mas demonstrou crença de que é possível um entendimento. “Silval não apoiou ele” – recordou. Na época, o vice-governador disse que iria a Rondonópolis se fosse chamado. Não foi. Em seu lugar, Pátio escalou o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, do PSDB, que, mesmo em campanha a reeleição, foi a cidade, já visualizando a possibilidade de ter o PMDB como aliado em 2010.
Apelidado de “mão de pilão” por causa do jeito que encaminha suas teses, Bezerra é peremptório e definitivo ao tratar da questão da candidatura própria: “Zé é um homem de partidos e vai ficar com o partido, assim como todos do PMDB. Não existe animosidade no PMDB” – garantiu. Ele atribuiu muito das discórdias a setores da imprensa. “Estão aproveitando, fabricando a serviço de outros grupos políticos, e fabricam matéria de Bezerra todos os dias. Não existe, o partido esta coeso, terá candidatura própria”. Ele garantiu que sigla também está conversando com os demais partidos, dando a entender que não se trata de um projeto isolado.
Com Pátio sob controle, administrado, Bezerra segue pintando o quadro otimista para o PMDB. Ele anunciou que o partido está em conversação com o deputado estadual Roberto França (sem partido), considerado uma espécie de ícone da política do Estado. No quinto mandato como deputado estadual, ex-deputado federal, e ex-prefeito de Cuiabá com dois mandatos, França busca uma sigla. Já esteve bem perto dos Democratas, na qual é filiado sua esposa, a ex-vice governadora Iraci França.
A Roberto, só elogios. Ele disse que na reunião do partido, a filiação do parlamentar foi aprovada por unanimidade. “O estilo de Roberto é franco, é o mesmo estilo de Bezerra, ele não manda recado e não guarda magoas, não enrola ninguém” – classifica e aproveita para mandar recados: “Tem gente oportunista na política, não cumpre nada com ninguém, políticos que prometem e não cumpre” – disse, sem citar nomes. Nem precisava!
Bezerra, em verdade, está fazendo matemática básica, isto é, jogando com o resultado da soma de dois mais dois. “Não se faz líder da noite pro dia” – ensina, do alto da experiência de fazer política desde os 15 anos. Nostálgico, ao seu melhor estilo de olhar o próprio umbigo, ele discorre sobre a construção de sua carreira, feita, segundo define, “com muito sacrificio”. E fala que usa toda sua experiência para manter o partido coeso, ao citar os intensos conflitos internos. “Você tem que ser o juiz” – disse. Ou seja: é o dono da toga.