A Câmara Municipal de Cuiabá tem suas razões de tanto desgaste e ser qualificadA como um poder que só serve para gastar o dinheiro do contribuinte. Exemplo: a verba indenizatória. Famigerada e maldita verba indenizatória. Considerado um gasto suspeito, apontado diversas vezes como “complemento salarial”, o “expediente” resiste. O projeto apresentado pelo vereador Deucimar Silva (PP), presidente do Legislativo, foi rechaçado pelo conjunto de vereadores. Afinal, são R$ 9,2 mil por mês, gastos com o que der na cabeça do administrador do dinheiro, desde que haja tênue justificativa de que fora usado para suprir “despesas do mandato”. Uma verdadeira mamata.
E o que é pior: ao seguir com a verba indenizatória, os vereadores acabaram afastando a possibilidade de a Câmara Municipal de Cuiabá ingressar devidamente no caminho da moralidade. O dinheiro que seria economizado com esses gastos que mais sugerem mutreta com o dinheiro público, entraria na conta do concurso público para contratação de servidores. Ou seja: funcionários estáveis, comprometidos com o poder. A idéia não agradou mesmo o conjunto parlamentar. Afinal, perderiam a chance de indicar seus cabos eleitorais e pares.
Poucos foram os vereadores que aceitaram a idéia de dar ao Legislativo de Cuiabá uma aparência menos do mal. Em verdade, apenas um vereador esteve do lado da proposgta. É Washington Barbosa (PRB), que, por conta disso, deverá passar a ser alvo dos colegas.
A lista dos contra a verba indenizatória poderia ser maior se Domingos Sávio (PMDB), Everton Pop (PP) e Lúdio Cabral (PT) aparecessem na reunião convocada por Deucimar. Sempre presentes nas discussões mais acaloradas, eles não deram com as caras. Certamente, nesta quinta-feira, em mais um dia de sessão, devem apresentar suas justificativas. Atrasadas! Outro que não esteve presente foi Leve Levi, do Partido Progressista. Os demais, acham que a fiscalização do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público sobre os gastos são suficientes para emprestar a moralidade que julgam ter para administrar o dinheiro.
Deucimar Silva adiantou que não vai se quedar diante da postura dos vereadores. Avisou que vai procurar o TCE para que faça uma espécie de “varredura” nos gastos efetuados até aqui com a verba indenizatória. Daí poderá “arrancar” formalmente os indícios de que necessita para colocar fim ao privilégio, ou melhor, ao benefício. A briga promete ser visceral, embora qualquer que seja o resultado não irá alterar muito o que já se sabe do Legislativo de Cuiabá.