O conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, Antônio Joaquim, colocou em dúvida o relatório da Polícia Federal a que existiriam provas suficientes do esquema de lavagem de dinheiro, através de acordo de compra e venda de fazenda em Nossa Senhora do Livramento entre ele e o ex-governador Silval Barbosa, que fez delação premiada e está em prisão domiciliar desde junho do ano passado. "Cadê as provas?", cobrou Joaquim. "Somente a palavra do delator, que foi desqualificada pelo comprador, apesar de admitir os negócios ocultos dos 2", diz o ex-conselheiro. "Quem me respeita, quem é justo, adota a versão do Wanderlei, pois este é o fato real: contrato de compra e venda, escritura, dinheiro na minha conta. O resto é apenas e tão somente a palavra do gângster".
O ex-presidente diz estar sendo "massacrado" por ilações e palavras de um "bandido confesso", sem que o mesmo tenha apresentado provas. "Ele não apresenta provas e ainda é desmentidos por terceiros. E mesmo assim a palavra dele vale mais do que de qualquer outra pessoa. Isso é um absurdo", finaliza.
No relatório assinado pelo delegado Wilson Rodrigues, ele sugere ao ministro Luiz Fux, relator da Ararath no Supremo Tribunal federal (STF), que o caso saia da corte. “Tendo em vista que o caso está bem delineado, não havendo envolvimento de pessoa detentora de foro por prerrogativa de função, sugere-se o desmembramento para Superior Tribunal de Justiça (STJ)”, diz trecho.
A PF descartou o depoimento do empresário Wanderley Faccheti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, segundo quem Antônio Joaquim não sabia do envolvimento de Silval, nem da origem do dinheiro para a compra do imóvel.
“Entre os vendedores, havia um conselheiro de Tribunal de Contas que aceitou fazer negócio com um agente político (então governador do Estado), mediante contrato no qual o nome deste foi omitido, a fim de ocultar sua parte na propriedade (70%), tendo recebido pagamentos integralmente realizados por uma construtora (Trimec) conhecida por ter relações com o governo do Estado à época e que tinha contratos com a administração pública (Estado de MT)”, consta no relatório.
Em sua delação, Silval diz que, em junho de 2012, a Trimec, administrada por Wanderley, figurou como compradora de uma fazenda de Antônio Joaquim e sua esposa. No entanto, o imóvel seria para ele próprio, tendo o empresário como uma espécie de ‘testa de ferro’ para a transação.