A Polícia Civil deflagrou, esta manhã, a segunda parte da operação "Grená", para cumprimento de 267 ordens judiciais contra membros da facção criminosa denominada "Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT), que ordena diversos crimes de dentro de presídios. Ela foi criada no interior da Penitenciária Central do Estado. Desde às 6h, um efetivo de 250 policiais civis, entre delegados, investigadores e escrivães, está mobilizado para o cumprimento de 28 mandados de prisão preventiva, 35 buscas e apreensão domiciliar, e 204 intimações para interrogatórios e medidas cautelares diversas da prisão, que proíbem os investigados de uma série de situações, como o uso de telefones e aplicativos como whatssap, comparecimento periódico em juízo, recolhimento domiciliar no período noturno, manter endereço atualizado, entre outras.
O balanço dos números da operação será apresentado em entrevista coletiva, às 14h30, na sala multiuso da Secretaria de Estado de Segurança Púbica, com a presença dos delegados da operação, diretores da PJC e secretários da Segurança Pública, segundo assessoria.
Os mandados de prisão são cumpridos contra 12 pessoas em liberdade, sendo 11 em Cuiabá e 1 Várzea Grande, e dentro de unidades prisionais. São 11 detentos da Penitenciária Central do Estado, 3 no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), 1 no Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul, e 1 no Sistema Penitenciário de Minas Gerais, com prisão preventiva decretadas. As buscas aconteceram em 35 pontos de Cuiabá, Várzea Grande e Cáceres.
Outros 204 pessoas, sendo 127 detentos, serão interrogados dentro de unidades prisionais de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Mirassol D'Oeste, e 77 pessoas em liberdade serão conduzidas à delegacias da Polícia Civil e também interrogadas. São membros da facção com residências em Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Vera, Tangará da Serra e Cáceres. Todos os 204 investigados, dentro e fora da prisão, terão medidas cautelares restritivas cumpridas.
Os suspeitos com ordens judiciais decretadas pela Vara Especializada do Crime Organizado são pessoas "batizadas" pela organização criminosa CV-MT e constam como filiados em ficha cadastral elaborada pela facção de seus membros.
A identificação dos membros ocorreu na continuidade das investigações conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Entorpecentes e a Diretoria de Inteligência, da Polícia Civil de Mato Grosso, que apuram o envolvimento da facção em crimes já identificados como o tráfico de drogas, roubos, furtos, estelionatos, apologia ao crime, homicídios, latrocínio e explosões de caixas eletrônicos na região metropolitana da capital e no interior.
Para o delegado Juliano Silva de Carvalho, da delegacia de entorpecentes, que coordena a operação junto com o delegado do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, a adesão em uma facção criminosa deixa clara a intenção de obter "vantagem de qualquer natureza", seja simplesmente para se beneficiar de proteção e/ou tratamento diferenciado entre os presos dentro do Sistema Prisional. "Isso já seria motivo suficiente para superarmos mais esse requisito e amoldarmos o CV-MT como 'organização criminosa', segundo os ditames da lei 12.850/2013, que trata do crime organizado", destaca.
Na primeira fase da operação Grená, em 30 de abril de 2014, a Justiça decretou 41 mandados de prisão contra integrantes e colaboradores da facção criminosa. A operação ainda realizou buscas em 12 endereços de pessoas ligadas à organização criminosa. Sete chegaram a ser transferidos para o presídio federal de segurança máxima, de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, mas em fevereiro de 2015 retornaram para presídios de Mato Grosso.
A operação feita hoje integra o plano estratégico da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), para enfrentamento da criminalidade nos primeiros 100 dias de 2015.
O Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT) foi criado no início de 2013, dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE). A facção foi idealizada pelo detento Sandro da Silva Rabelo, conhecido também por “Sandro Louco”, considerado um dos organizadores da facção mato-grossense, juntamente com Renato Sigarini, conhecido por “Vermelhão”, Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, o “Miro Louco” ou “Gentil”, e Renildo Silva Rios, conhecido por “Nego”, “Negão” ou “Liberdade”, informa a assessoria da Polícia Civil
O CV-MT visando à expansão da facção criminosa estabeleceu duas principais ações iniciais importantes, a primeira dela foi à criação de um “Conselho” denominado “Conselho do Estado” ou “Conselho Final”, compostos por reeducando do mais alto nível de conhecimento sobre as regras do estatuto. Na estrutura do “Conselho Final” há os cargos de presidente, do vice-presidente, do porta-voz e do tesoureiro.
A segunda ação tida como crucial para o desenvolvimento da facção foi fixar autonomia em relação ao Comando Vermelho o Rio de Janeiro, não tendo que prestar contas das atividades ao comando nacional e nem efetuar pagamentos mensais. No entanto, existe uma aliança entre as duas facções.
O CV-MT conta com membros em diversas unidades prisionais no Estado de Mato Grosso, especificamente em Raios e Alas reservados aos reeducandos mais perigosos. A facção mantém controle sobre seus membros e os atualiza quanto às decisões tomadas pelo comando da facção.
Cadastramento – Dois pendrives contendo informações cadastrais apreendidos na primeira fase da operação Grená, levou a Polícia Judiciária Civil a identificar 311 membros da facção criminosa Comando Vermelho de Mato Grosso (CV-MT), fixados em várias partes do Estado de Mato Grosso.
"As vantagens verificadas pela investigação vão além do interesse econômico, pois a filiação à facção lhes garante benesses como assistência jurídica de advogados e proteção à família dos presos que se filiam, não somente moral e assistencial, mas também financeiro", destacou o delegado Flávio Henrique Stringueta.
A informação é da assessoria da Polícia Civil
(Atualizada às 08:36hs)