A polícia continua a operação ‘Mata Verde’ e prendeu três pessoas em flagrante por grilagem de terra, desmatamento ilegal e outros crimes na Reserva Extrativista Guariba Roosevelt em Colniza (1.065 km ao extremo norte de Cuiabá), nos últimos 4 dias. A denúncia que pelo menos 100 pessoas teriam invadido a área tradicional da população ribeirinha chegou à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) há cerca de um mês, ocasião em que a secretária Ana Luiza Peterlini articulou operação conjunta com a Secretaria de Segurança Pública para resolver o conflito na região, que é cobiçada por se tratar da última fronteira do desmatamento na Amazônia em Mato Grosso.
Além das prisões, também foram feitas as notificações e autuações das demais pessoas que estão na área. O próximo passo é entregar o relatório das equipes de fiscalização e técnicos da Coordenadoria de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas (Cuco) da Sema à Subprocuradoria do Meio Ambiente para realizar a desintrusão, por meio judicial, das pessoas que insistirem em permanecer.
Foram apreendidas uma espingarda calibre 36, outras cinco armas, quatro motosserras, dois porcos do mato. Os crimes cometidos compreendem posse ilegal de armas de fogo, danos à unidade de conservação, exercício de atividade incompatível, além de penetrar a área portando objetos próprios à caça e exploração florestal.
Conforme o coordenador de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas (Cuco) na Sema, Alexandre Batistella, as denúncias mostram que as invasões têm sido estimuladas por políticos da região que têm interesse na área considerada ‘sem dono’ para fins de extração de madeira, a maior parte de comercialização ilegal no Brasil, como a castanheira, e também para grilagem de terra. Os invasores têm o modus operandi de entrar, delimitar lotes, derrubar a madeira, inclusive para comercialização, desmatar a área dentro da reserva, queimar para limpar, e rapidamente construir barracos alegando que o espaço está ‘consolidado’, o que dificulta o flagrante das equipes de fiscalização e da Polícia Militar.
Além dos prejuízos ambientais que ainda serão levantados pelas equipes de fiscalização, Alexandre pontua que a grilagem prejudica principalmente cerca de 300 pessoas que integram as famílias que vivem na Resex. Essa comunidade tradicional é a única no Estado que possui um documento legal reservando a eles um espaço protegido. O meio de subsistência deles é o extrativismo de castanha, seringa, pesca e roça de subsistência. “A permanência deles é fundamental para que nós possamos continuar protegendo as populações indígenas isoladas que existem ao lado da reserva, bem como toda a biodiversidade da área que recentemente teve a descoberta de uma nova espécie de macaco, ou seja, é um espaço ambiental de extrema importância.”
A operação envolveu Policiais Militares do 8º Comando Regional e do Batalhão de Proteção Ambiental de Cuiabá e da região, fiscalização da Sema e técnicos da Cuco, além de contar com suporte de técnicos das unidades de conservação Estação Ecológica Rio Roosevelt e da Resex. O local onde aconteceram as invasões fica em um dos braços do Rio Roosevelt, próximo das localidades conhecidas como Guariba (1.220 km de Cuiabá) e Três Fronteiras (1.370 km de Cuiabá) e é de difícil acesso especialmente em época de chuva.
A informação é da assessoria.