Muito diferente do que se imagina, a causa mais comum de desaparecimentos é afastamento do convívio familiar, quando a pessoa sai de casa propositalmente com a intenção de não ser encontrada pela família. Segundo a investigadora, Lauriane Cristina de Oliveira de Lara, chefe do Núcleo de Desaparecidos, são muito raros os sequestros ou desaparecimentos enigmáticos, como aqueles que a pessoa sai, por exemplo, para ir ao mercado e não volta mais, desaparece por motivos totalmente desconhecidos.
Ainda é notório o entendimento de que é preciso esperar um ou até dois dias para a comunicação do desaparecimento à polícia, mas a Polícia Civil esclarece que o ideal é fazer o registro de boletim de ocorrência tão logo que se perceba o desaparecimento. "Não existe nenhum tempo mínimo necessário para a comunicação do fato, leva-se em conta apenas a alteração na rotina da vítima", Lauriane.
Conforme a investigadora, uma pessoa que rotineiramente chega em casa no mesmo horário, mas em um certo dia não chegou, a família não consegue contato com a vítima e nem saber onde ela se encontra, é o suficiente para procurar a Delegacia Especializada em Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) para registrar o boletim de ocorrência. O caso será encaminhado para investigação da equipe do Núcleo de Desaparecidos.
"Imagine um viajante que normalmente passa dias fora de casa, não há que se informar que ele não ‘dormiu em casa" há um dia, pois é comum ele se ausentar por alguns períodos", pontua.
Porém, se havia prazo para o retorno e a pessoa não voltou, isso sim é motivo para procurar a DHPP. "Não é preciso esperar nenhum prazo de desaparecimento determinado, o único critério é a mudança na rotina da pessoa, pois cada caso tem suas particularidades e por isso as vítimas são tratadas isoladamente, caso a caso", destacou Lauriane.
O setor também possibilita ampla divulgação de fotos da vítima procurada com veiculação em algumas mídias parceiras, junto ao conselho tutelar e ainda produz cartazes, para que os parentes da pessoa fixem em locais públicos.
A investigadora alerta para a não divulgação de telefone pessoal, pois a família pode se tornar alvo de pessoas mal intencionadas e trotes. "Aconselhamos que o material seja produzido pela Polícia Civil. Os telefones divulgados são os do núcleo de desaparecidos da Delegacia", orienta. "Pessoas mal intencionadas usam os números para trotes, agravando a angústia de quem vive a situação de procurar por uma pessoa amada que se encontra sem paradeiro conhecido", completa.
Segundo o delegado titular da DHPP, Silas Tadeu Caldeira, a pessoa localizada e a família ainda recebem orientações dos policiais a fim de que a situação não se repita ou que o indivíduo não se ausente outras vezes do convívio familiar. "Este trabalho devolve a estabilidade ao lar daqueles que tem um ente querido desaparecido quando ele é localizado e volta para sua casa", avalia o delegado.
Em caso de desaparecimento de pessoas, o procedimento a se adotar é comunicar a Polícia Civil através do registro de Boletim de Ocorrência. Se o caso ocorrer no interior, a própria delegacia local se encarregará das investigações, mas sendo em Cuiabá ou Várzea Grande, a ocorrência será encaminhada para o núcleo de desaparecidos da DHPP. Os policiais farão uma entrevista com a família para traçar o perfil da vítima e iniciar as buscas.
Três policiais, duas investigadora e uma escrivã, atuam no Núcleo de Pessoas Desaparecidas, instalado no prédio da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), na avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), em Cuiabá. Para contato o telefone é (65) 3901-4823.