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Parentes ainda procuram por desaparecidos após chacina em Mato Grosso

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 Uma semana após a chacina provocada por antigo conflito agrário na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza (1.065 quilômetros de Cuiabá), em que nove homens adultos, com idades de 28 a 58 anos, foram torturados e executados a tiros e golpes de facão, familiares afirmam que ainda há moradores da gleba desaparecidos.

Integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que estiveram anonimamente no local da matança conversando com sitiantes, confirmaram que familiares e amigos estão formando grupos por conta própria e saindo a procura de outros possíveis corpos em região de mata amazônica, já que a polícia está concentrada em investigar a autoria dos crimes brutais.

A perícia identificou vítimas decapitadas e outras com sinais de tortura. Um dos corpos foi encontrado a 12 quilômetros dos demais, o que leva a crer que outros podem estar mais distantes do que isso. A terra em disputa está em uma área de 110 mil hectares.

“Não tem uma, nem duas ou três pessoas desaparecidas, são várias, que embrenharam no mato e até agora nada delas. Estão desaparecidas desde que foram vendo aqueles assassinatos em série, a tiros e facãozadas e foram correndo e fugindo. Acontece que já se passou uma semana e de duas coisas uma: ou fugiram para não voltar mais, traumatizadas com o que viram, ou como estariam se virando no mato, se correram só com a roupa do corpo?”, questiona o coordenador da CPT em Mato Grosso, Cristiano Apolucena Cabral.

Ele relata que o clima na gleba Taquaruçu, onde vivem aproximadamente 100 famílias, é tenso e as pessoas estão extremamente amedrontadas, principalmente mulheres e crianças. “Isso porque sabem que correm risco real e enfrentam isso sem suporte financeiro ou psicológico por parte do Estado”, lamenta o coordenador.

Ao todo, 40.028 famílias estão envolvidas em conflitos agrários violentos, em risco de morte em MT, como aponta o Caderno de Conflito Agrários 2016, com dados de 2015, lançado ontem (25), em Cuiabá. De acordo com o coordenador da CPT em Mato Grosso, os alvos da violência no campo são pobres, pequenos produtores rurais, assentados, acampados ou posseiros, indígenas, trabalhadores tratados como escravos e quilombolas, além daqueles que se colocam contra a invasão de usinas hidrelétricas nos rios locais. O relatório mostra que 775 famílias foram despejadas em 2015 e outras 175 famílias expulsas de áreas rurais devido à disputa agrária.

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