Quase oito meses depois, a Polícia Civil ainda não esclareceu o quê de fato aconteceu durante a abordagem que terminou com a morte de um vendedor e dois policiais civis. A perícia aponta que Gilson Alves, 34 anos, foi morto com dez tiros e não possuía marcas características de luta corporal nem resíduo de pólvora nas mãos.
Laudos periciais, obtidos pelo programa Cadeia Neles, da TV Record Mato Grosso, apontam que Gilson, que supostamente teria reagido à abordagem, foi atingido por dez disparos em todas as regiões do corpo, inclusive na cabeça. Os tiros foram disparados das armas dos investigadores Edson Leite, 47 anos, e Maxwell Pereira, 36 anos, que supostamente abordaram o vendedor.
O mesmo documento aponta que Gilson não teria reagido à ação, uma vez que não existiam marcas que evidenciariam uma luta corporal, afirmada por Maxwell. O investigador, único sobrevivente do episódio, afirmou que a reação ocorreu após o vendedor ter tomado sua arma. Mas os laudos mostram que, antes de ter feito isso, Gilson teria sido alvejado ao menos três vezes.
Para o diretor interino do Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá, Dionísio José Andreoni, além da luta, outras duas hipóteses que explicariam os tiros que atingiram os policiais são um disparo acidental feito por Maxwell ou até mesmo que os policiais, após executarem Gilson, simulariam um suposto confronto.
Outro ponto que intriga os investigadores do caso é o arsenal encontrado na viatura usada por Leite, um carro descaracterizado. Os policiais encontraram 240 munições de diversos calibres, uma submetralhadora e R$ 8,4 mil em dinheiro.
A viúva de Gilson, Josiane Carlos dos Santos, ainda aguarda o fim da investigação e reclama da demora da Polícia Civil em concluir o inquérito. Para ela, o marido foi morto por cobrar dos policiais a apreensão de adolescentes que teriam roubado sua residência dias antes. Um dos menores seria familiar do terceiro policial envolvido, o investigador João Osni, 62 anos, que também morreu no dia da ação.
O caso – Gilson Alves foi morto com dez tiros em um matagal próximo a um posto de combustíveis, na rodovia dos Imigrantes, em Várzea Grande. Ele teria reagido a uma abordagem feita pelos investigadores Edson Leite e Maxwell Pereira. Leite foi atingido com tiros na barriga e coxa e Maxwell alvejado na perna. João Osni passava pelo local e socorreu Leite, mas perdeu o controle do carro após uma lombada e bateu o veículo que dirigia em um muro. Os dois morreram na hora. O caso foi registrado no dia 23 de maio do ano passado.
Outro lado – O Ministério Público designou um promotor para acompanhar o caso e aguarda a conclusão dos trabalhos da Polícia Civil. Por meio da assessoria, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pretende concluir o caso ainda neste mês e, para isso, realizará novas diligências.