Um grupo de policiais federais de Brasília seguiu na manhã desta quinta-feira para Montevidéu, onde se encontra preso o empresário João Arcanjo Ribeiro, cuja extradição, a pedido do Governo brasileiro, foi aprovado pela Suprema Corte do Uruguai. A previsão é de que Arcanjo, acusado de ser o chefe do crime organizado em Mato Grosso – com ramificações em mais cinco estados – chegue ao Brasil nesta sexta-feira. Caso se confirme o embarque, ainda não foi oficializado o lugar onde Arcanjo ficará preso.
Ainda pairam dúvidas sobre o sucesso da ida dos policiais federais para Montevidéu. A Suprema Corte do Uruguai autorizou a extradição de Arcanjo mas apontou como condicionante o fato de a Justiça brasileira promover um novo julgamento das ações a qual o empresário foi condenado. Em verdade, uma ação, a de porte ilegal de armas, pelo qual foi condenado a 7 anos de prisão. A dúvida é se houve acordo para liberação de Arcanjo mediante a promessa de anulação da condenação ou se haverá impecilho.
“É preciso ver. Se há essa condição, ela precisa ser cumprida para que haja a extradição” – assegurou o promotor Célio Wilson de Oliveira, secretário de Justiça e Segurança Pública, que seguiu para Brasília (DF) nesta quinta-feira com a finalidade de discutir, entre outros assuntos relacionados ao Sistema Penitenciário de Mato Grosso, a situação da ala federal da Penitenciária do Pascoal Ramos. “As regras do Direito Internacional precisam ser cumpridas” – destacou. No entanto, Wilson afirmou a um canal de televisão que Arcanjo virá para o Brasil.
Um pouco enigmático, Célio Wilson informou que não sabe ainda se Arcanjo, uma vez extraditado, ficará em Cuiabá. Essa decisão, segundo ele, caberá a Justiça Federal. É possível que, por questões de segurança, ele fique preso em outro Estado, vindo a Cuiabá apenas para fins de audiências de julgamento. “Talvez ele fique aqui só o tempo suficiente” – disse.
Na Polícia Federal, a informação disponibilizada pelo superintendente Aldair Rocha é de a que circulou na imprensa: Arcanjo foi extraditado. Ele disse não ter recebido ainda qualquer comunicado sobre a vinda do acusado para Cuiabá. “Se ele vier, vamos precisar de uns 100 homens” – comentou, ao destacar a necessidade numa eventual operação de segurança. Aldair confirmou, porém, a ida dos federais brasileiros para o Uruguai.
Ex-integrante da elite cuiabana, João Arcanjo Ribeiro está preso em Montevidéu desde abril de 2003 por documentação falsa. Seu império em Mato Grosso começou a ruir com a “Operação Arca de Noé”, realizada pela Polícia Federal, em dezembro de 2002, com base em investigações do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual. Arcanjo é acusado no Brasil de ser chefe do crime organizado e do narcotráfico no estado. Além dos 7 anos de prisão por porte ilegal de arma, ele já foi condenado à revelia pelo Tribunal de Justiça Federal de Cuiabá a 37 anos de prisão em regime fechado. Sua esposa, Silvia Chirata, também presa no Uruguai, já foi condenada a outros 25 anos.