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Agente penitenciário e mulher são detidos em Sorriso acusados de envolvimento com facção

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Só Notícias/Bruno Bortolozo, de Sorriso

Dois dos 94 mandados de prisão preventiva cumpridos pela Polícia Civil durante a megaoperação realizada, hoje, contra uma fação criminosa, foram cumpridos em Sorriso. Um dos detidos, segundo o delegado Nilson Farias, é um agente penitenciário que atua no Centro de Ressocialização”. A outra prisão foi contra uma mulher.

De acordo com Farias, os dois têm seus nomes ligados a empresas envolvidas com o grupo criminoso. “Nós investigamos o Comando Vermelho, responsável por tráfico de drogas e práticas de outros crimes, e foram identificadas algumas contas bancárias de empresas, que durante a investigação, constatamos que poderiam ser de fachada. Aqui em Sorriso, as duas pessoas que foram detidas participam como representantes de uma dessas empresas que recebeu valores grandes dessas contas, então está sendo feita toda uma investigação para identificar possível crime de lavagem de dinheiro”.

O delegado não detalhou como funcionavam as transferências bancárias. “É isso que está sendo investigado. O objetivo é descobrir qual a origem desses valores. É um esquema organizado, grande e a Polícia Civil está atenta para minar, aos poucos, esse tipo de conduta”.

Além dos dois, os policiais apreenderam alguns produtos para investigação, como por exemplo, uma Fiat Toro. “Foram apreendidos documentos, bens e agora vamos identificar, caso haja comprovação de origem ilícita, vamos fazer o sequestro desses bens”.

Conforme o Só Notícias informou, durante as investigações da operação “Red Money”, a Polícia Civil identificou que uma empresa de informática localizada em Várzea Grande, criada, principalmente para promover lavagem de dinheiro e movimentar os valores da facção criminosa. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, constituída em fevereiro de 2017, a empresa pertence a um condenado por assalto a agências bancárias, considerado um dos principais líderes da facção criminosa e um dos responsáveis pelo departamento financeiro da organização. Em análise foi descoberto que a empresa, em apenas 4 meses, movimentou cerca de R$ 800 mil. Pelo menos 180 pessoas que mantiveram relação comercial com a empresa possuíam antecedentes criminais ou algum vínculo pessoal com criminosos e condenados pela Justiça, grande parte deles presos na Penitenciária Central do Estado.

Durante o ano passado, foram descobertas dezenas de envolvidos no esquema financeiro. Além da empresa, outras contas bancárias foram identificadas e definido um “núcleo de liderança”, no que se refere à movimentação financeira da facção criminosa. No período de 1 ano e 6 meses, houve circulação de montantes entre R$ 5 milhões a R$ 800 mil, dependendo do CPF.

Ainda segundo as investigações, o sistema de arrecadação financeira da facção assume formato de pirâmide. No topo está o núcleo de liderança e na base dezenas de contas bancárias, com movimentação menor, que fazem a captação de dinheiro, e, gradativamente, fazem o repasse às contas maiores. No período de 1 ano e meio (01/06/2016 a 18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação, foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.

A operação foi deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Judiciária Civil cumpriu mais de 230 ordens judiciais, sendo 94 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensão, 80 ordens judiciais de bloqueios de contas correntes, além de sequestro de bens, veículos, joias, imóveis e valores, cumpridos pelas delegacias de Cáceres, Barra do Garças, Água Boa, Juína, Sinop, Primavera do Leste, Rondonópolis, Tangará da Serra, Guarantã do Norte, Pontes e Lacerda.

O delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil, disse que a deflagração da operação corresponde ao fechamento de uma etapa importante da investigação e agora iniciará um trabalho mais técnico, de análise dos documentos apreendidos, interrogatórios, oitiva de testemunhas, identificação de outros suspeitos.

Ainda segundo o delegado, além das prisões, o objetivo principal é a apreensão do patrimônio e descapitalização da organização criminosa. “A operação Red Money indica que a Polícia Judiciária Civil avançou um degrau na forma de se combater as facções criminosas no Estado, precisamos focar no aspecto financeiro e patrimonial para enfraquecer essas organizações criminosas”, frisou.

O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana, chamou atenção para o fato de que várias pessoas forneceram conta bancária para que fosse movimentado dinheiro ilícito, e, agora, terão que informar a mando e interesse de quem fizeram isso. “Qualquer pessoa que empresta sua conta bancária para movimentar valores ilícitos pode incidir no crime de lavagem de dinheiro”, afirmou.

Quatro grandes operações (Ares Vermelho, Babilônia, Panóptico e Insurgente) da Polícia Civil tiveram provas, no aspecto patrimonial e financeiro, compartilhadas na operação “Red Money”, comprovando que os grupos criminosos combatidos nessas ações tinham o mesmo objetivo: arrecadar dinheiro, por meio de crimes, para fortalecer o capital da facção. Os capitais adquiridos com os crimes foram destinados ao staff da maior facção de Mato Grosso.

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