Dois adolescentes latrocidas que estavam apreendidos na delegacia de Poconé desde segunda-feira (23) e prestes a ganharem a liberdade por falta de vaga para internação no Centro de Ressocialização de Cuiabá, no Complexo do Pomeri, foram transferidos para Rondonópolis, hoje. Por outro lado, outros três menores infratores que também estavam detidos pela prática de furtos na cidade, foram liberados, já nem mesmo os acusados de crimes mais graves, no caso homicídio e latrocínio estão conseguindo vagas.
As vagas no centro socieducativo de Rondonópolis só foram disponibilizadas depois que a promotora de Justiça de Poconé, Taiana Castrillon Dionello, e o juiz Cássio Luís Furim denunciaram o fato para a imprensa. A promotora chegou a declarar que, não ficaria surpresa se a população resolver a qualquer dia "fazer justiça com as próprias mãos" já que a cidade enfrenta uma onda sem precedentes de crimes cometidos por menores que acabam soltos nas ruas devido a falta de vaga no sistema socieducativo de Mato Grosso.
Os menores transferidos para Rondonópolis são J.M.S.P, e N.R.C, ambos de 16 anos, acusados pelo latrocínio de Ezídio Joaquim de Paula, 39. Eles mataram a vítima, no sábado (21), por volta das 23h, para roubarem sua motocicleta Twister, no bairro Jurumirim. Como a vítima se recusou a entregar o veículo foi alvejada com um tiro de espingarda calibre 44 no tórax. Apesar de ter sido socorrido e levado para o Pronto Socorro de Várzea Grande, Ezídio não resistiu e morreu. Identificados, os latrocidas foram encontrados na madrugada de segunda-feira (23) no sítio do avô de N.R.C.
Na terça-feira (24), quando a promotora relatou o problema, haviam sete menores detidos esperando vagas. Destes, dois acusados de vários roubos qualificados e com outras passagens policiais, foram transferidos no mesmo dia para Cáceres após o juiz Cássio Luís Furim ligar pessoalmente e conseguir permissão da diretoria da unidade do município para a transferência dos dois menores infratores.
Já entre os três adolescentes que ganharam a liberdade por falta de vagas está L.F.A.B, 17 anos, que participou de um roubo em uma lanchonete em Poconé também na noite de sábado (21) que posteriormente resultou na morte do policial militar Alex Suzarte da Silva, 32 anos, com um tiro no rosto disparado por um homem de 32 anos, que ainda permanece foragido. Ele era comparsa do menor no crime. Os outros menores também liberados possuem, segundo a promotora e o delegado da cidade, Rodrigo Bastos, uma enorme ficha policial com várias passagens por furto. No entanto, é preciso optar pela tentativa de vaga para os acusados de crimes mais graves, aqueles praticados contra a vida mediante violência e uso de arma de fogo.