Uma metáfora muito comentada nesses tempos, bastante utilizada em testes psicológicos e que virou até peça de comercial de refrigerante, é aquela história sobre como a pessoa vê um copo que está preenchido com líquido pela metade exata. O pessimista diria que o copo está meio vazio, enquanto o otimista diria que o copo está meio cheio.
Tá legal, é meio manual de auto-ajuda, mas serve ao propósito do raciocínio que proponho a seguir. Além do mais, um pouco de otimismo não faz mal a ninguém, sobretudo quando está sustentado por bases reais, materiais. Daí vira esperança, que é um princípio criador, revolucionário até, quando visto como doutrina, como conceito, e não apenas como desejo.
A visão otimista pode ser entendida aqui como enxergar oportunidades e não apenas problemas, como muitos fazem na vida, no trabalho, no amor ou no ambiente social em que viva.
O Nortão de Mato Grosso, que congrega 40 municípios das regiões Norte e Noroeste, enfrenta uma situação de problemas sucessivos, a começar pela crise em geral do agronegócio e depois a crise madeireira, criada pela Operação Curupira.
Cidades inteiras sofreram as conseqüências desses dois fenômenos, com desemprego em massa, quebradeira dos setores de comércio e serviços, aumento da violência (e até casos de suicídio teriam sido registrados). Crise econômica provoca crise política, e crise política leva à crise institucional.
Para quem só vê os problemas, essas crises levam a outras e outras e outras. Para quem eleva o olhar, analisando os fatos e agregando as bases materiais mencionadas acima, é possível enxergar soluções e oportunidades em meio à crise.
É esse o olhar que a Assembléia Legislativa, em parceria com a prefeitura de Sinop e o apoio do Governo do Estado e das câmaras de vereadores, lança sobre a região ao ter a iniciativa de realizar na próxima sexta, em Sinop, o seminário “Nortão – Dificuldades, Desafios e Soluções”.
A primeira das oportunidades pode ser o fato de que, durante a crise, Sinop, particularmente, conheceu a força do setor de comércio e de serviços, que segurou a economia local nos últimos dois anos, evitando o caos completo. Buscar alternativas para solidificar e incrementar esses setores, bem como diversificar a base da economia, é uma orientação imperiosa dos acontecimentos.
A segunda, é que, como diz outra metáfora, os ratos são os primeiros a abandonar o navio. Quem ficou e resistiu na região deve ser eleito como aliado prioritário das instituições, públicas e privadas, na construção das alternativas a partir de agora.
Há inúmeras outras, evidentemente. Mas, como busca-las, sistematiza-las e implementa-las? Essa é a resposta que o evento deverá oferecer aos participantes, em especial os poderes legislativo e executivo estadual, mas também municipais e iniciativa privada, sem falar na esfera federal.
Por isso é igualmente fundamental que todos aqueles que vivem na região, e os que vivem em outras também, participem do evento, inclusive para construir experiência preventiva a novas crises no Nortão e em outras regiões do Estado. Todos a Sinop.
Kleber Lima é jornalista, especialista em marketing e consultor da KGM COMUNICAÇÃO,