sábado, 27/julho/2024
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Sofrido e a pururuca!

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"É como ser convocado para a guerra irracional e jamais duvidar que ela é a mais importante de todas as que existiram". Frase de Sócrates, tentando mensurar para os leigos um pouquinho da experiência que é vestir a camisa que representa a torcida mais fiel do mundo, mas que cai também como uma luva para explicar o que é ser curintiano. E foi assim. Mais uma guerra, contra tudo e contra todos.

Todos mesmo. Curintiano supersticioso tem que jogar sal grosso no corpo antes de cada jogo. É impressionante. Além de torcer pelo seu time e contra um adversário direto na busca de um título, nós ainda temos que nos blindar das intenções negativas da terceira maior torcida do Brasil, atrás da fiel, é claro, e dos urubus, a anti-corinthians. Inveja.

Aquele gol do Bernardo no finalzinho do Vasco e Fluminense ficou engasgado. Foi uma semana de perturbação. Gozações do meu cunhado flamenguista, meu primo santista e até um amigo jornalista, Rubens de Souza, que ousou me ligar com uma piadinha: "Estão lançando um novo macarrão instantâneo, sabor galinha, é só três minutos e fica pronto". Aguentei quieto. Rubão é palmeirense fanático, e o dele estava por vir.

Parceiro, aqui é Corinthians e nós não comemos nissim, gostamos é de porco e a pururuca, servido na bandeja com maça na boca e tudo. Quem ri por último ri melhor Rubão. A todos que ousaram tirar uma casquinha do Todo Poderoso, está aí a resposta. Merecimento, como disse muito bem o contestado Tite.

Dessa vez não tem desculpinha não. Não tem armação de arbitragem, não tem pênalti duvidoso, não tem o que falar. Corinthians é penta e ponto final.

Eu agradeço a Deus por conseguir viver essa emoção mais uma vez. Foi um dia que entra pra historia das grandes emoções da minha vida. Em pleno domingo acordar às seis da manhã. Perto de ir ver o jogo, meu filho Pedro pega minha camisa do Timão e sai correndo pela sala. Depois volta e pede que eu a coloque em seu corpo. Batendo a mão direita contra o escudo curintiano, Pedro grita: "inthians, inthians, inthians". Eu que ensinei é claro. Foi de arrepiar.

Antes do jogo, porém, um casamento especial. Meu irmão Miguel, palmeirense, enfim unindo definitivamente os laços com sua amada. Fui preparado. Por fora, passeio completo, por baixo, bermuda e camisa do Corinthians. Por dentro, correndo nas veias, a emoção que só quem é curintiano já sentiu.

Deixei o casamento não era nem uma hora. Direto para o Vai Corinthians, bar e sede da Associação Corinthianos de Tchapa e Cruz (ACTC-MT). Que festa linda, muito bem preparada pela diretoria da associação, que cumprimento saudando especialmente os amigos Wanderley Oliveira e Camargo. Parabéns, aqui no centro do Brasil, a ACTC conseguiu nos trazer a emoção de estar nas arquibancadas do Pacaembu e isso é magnífico.

Em campo, o Corinthians não jogou nem 10% do que jogou no campeonato inteiro, mas colocou a garra e o coração na ponta da chuteira. O título com a nossa marca, sofrido. Timão tomando pressão. Vasco 1 x 0. A torcida continuou com a mesma intensidade. Timão equilibra o jogo. Flamengo empata, o curintiano Renato Abreu explode o Vai Corinthians. Lembrei de uma ligação do meu chefe de gabinete, fã incontestável de Sócrates e flamenguista fanático. Disse que pelo Sócrates, torceria pelo Corinthians.

Finalzinho de jogo. Jorge Henrique garantiu sua renovação de contrato até morrer. Recebe na linha de fundo e dá o chute no vácuo, drible do palmeirense Valdívia, que já tinha sido expulso. Os porcos ficaram doidos, e nós loucos é claro. Antes mesmo de terminar o nosso jogo, acaba o clássico no Rio. Corinthians campeão brasileiro de 2011. Uma vitória com a espada de São Jorge. "Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal". Fiz essa oração durante quase todo o jogo.

Obrigado Corinthians. Do teu jeito, vem nos fazendo amantes fiéis por cem anos. Com ou sem título, estaremos sempre ao teu lado, levando a tua bandeira e entoando nossos gritos nessa guerra que é ser curintiano. Vamos sempre jogar juntos, como o 12° jogador. Vamos sempre sofrer juntos, pois aqui dentro, bate um coração que não quer nunca ser trocado, pois eu não me engano, doutor, meu coração é curintiano.Minha vida, minha história, meu amor. Vai Corinthians.

Raoni Ricci é jornalista, pai de Pedro e mais um louco nesse bando de loucos
[email protected]

 

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