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Sobre a pandemia de Coronavírus (COVID-19) em Mato Grosso

Ana Cláudia Pereira Terças Trettel, professora, doutora, virologista e pesquisadora na Unemat-Tangará da Serra
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Em 31 de dezembro de 2019, o escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS), na China, foi informado sobre a ocorrência de casos de pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, e desde então a doença se expandiu na China e para outros países do mundo. Em 30 de janeiro de 2020 a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional frente ao Coronavírus, e posteriormente, em 11 de março de 2020, assumindo a situação de pandemia.

No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 em São Paulo e logo com notificações nos demais estados. Até o dia 26 de março de 2020 há registros de 2.563 casos e 60 óbitos. O Estado de Mato Grosso registrou seu primeiro caso confirmado em 19 de março de 2020, totalizando no até no dia 26 de março 326 suspeitos e nove confirmados.

Frente ao crescimento/expansão da doença, o governo estadual apresenta diariamente estratégias de enfrentamento, a fim de suprir as necessidades de atendimento e diagnóstico, equipamentos de proteção individual (EPI) para os profissionais de saúde e organização da logística de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Em adicional, as prefeituras também estão adotando medidas de acordo com a ampliação do risco, muitas vezes as determinações seguem os padrões estaduais, em outras não são harmônicas, com isso as dúvidas podem pairar sob a população mato-grossense.

Esse cenário de pandemia, em que os cuidados com a exposição e riscos de infecção foram efetivados, trouxe algumas mudanças no cotidiano de todas as famílias, como isolamento domiciliar, instabilidade e medo frente as incertezas econômicas, condutas pouco seguras por conta da desinformação e excesso de “Fake News”, inclusive por lideranças políticas e leigos. Essa junção de fatores, em maior ou menor grau gera a desestabilização do bem-estar da população, especialmente em relação a saúde mental.

É importante ressaltar que estamos no enfrentamento/combate de um vírus cuja velocidade da transmissão é maior preocupação, além de que não pode ser evitado com vacina, não existem medicamentos que proporcione a cura e a primeira infecção com o vírus não garante imunidade permanente, podendo ocorrer a reinfecção, com danos ainda desconhecidos.

Neste momento da pandemia, os cuidados de higiene e isolamento social são fundamentais, as saídas de casa para execução de atividades essenciais devem ser planejadas e executadas com cuidados extras. A solidariedade e o consumo consciente devem ser exercidos, bem como a valorização da oportunidade de interação familiar. E diante de quaisquer dúvidas, buscar informações em fontes oficiais.

Ressalta-se ainda, que o uso irracional de máscaras nesse período é um grande problema, pois a mesma é indicada para pessoas com sintomas gripais e para os profissionais de saúde em atendimento a pacientes com suspeita da doença, e se utilizarmos de forma indiscriminada faltará para quem realmente precisa, lembrando que a transmissão ocorre em sua maioria através do contato da mão contaminada com o rosto. O uso de máscaras em local aberto e sem indicação, não tem efetividade. Apesar disso, muitas pessoas utilizam, na busca por uma falsa proteção, gerando medo nos demais e causando a escassez desse produto no mercado.

As últimas notícias causam uma insegurança econômica, no entanto o aprendizado com essa situação será diária e juntos poderemos encontrar as melhores alternativas para reagirmos aos novos cenários. Lembremo-nos que existem realidades diversas no Brasil. Em alguns municípios, a doença estará mais disseminada e o rigor sanitário será maior, em outros poderá inclusive não haver casos e a rotina diária ser retomada sem alterações. Portanto, busque conhecer as medidas adotadas em sua realidade local e as siga rigorosamente.

A opção em receber críticas pelo excesso de precaução após o término da pandemia é a mais sensata, pois isso indicará que os críticos estarão vivos, e assim não teremos negligenciado a gravidade da situação e não contabilizaremos mortes em Mato Grosso.

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