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Saúde da mulher deve ser prioridade

Luís Amilton Gimenez, deputado estadual e médico em Mato Grosso
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Tivemos no Brasil até julho mais de 200 mortes de grávidas e puérperas por Covid-19 e 1,8 mil notificações da doença nesse grupo de mulheres. Números que estão entre os mais altos do mundo, conforme identificou estudo feito por um grupo de obstetras e enfermeiras de 12 universidades e instituições públicas, como Fiocruz, USP, Unesp e Unicamp.

Os dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica de Gripe (Sivep-Gripe) mostraram também que 22,6% das mulheres que vieram a óbito no país não tiveram acesso a um leito de UTI. Esse retrato reflete não só as falhas de acesso e de assistência do sistema de saúde, mas problemas socioeconômicos e estigmas que afetam esse grupo.

Como médico, sei que os índices de mortalidade materna são fundamentais para avaliar a qualidade da saúde de uma nação, pois o início da vida deve ser muito bem acompanhado desde o pré-natal. Mas o coronavírus expos que os recursos hoje são insuficientes, o atendimento desarticulado e o acesso da mulher é difícil, frágil, principalmente em municípios do interior.

Em Mato Grosso, a Comissão da Saúde da Assembleia Legislativa vive um momento histórico. Tem quatro parlamentares médicos e um servidor da saúde que vêm trabalhando ininterruptamente no enfrentamento à pandemia: analisando dados da evolução da doença, cobrando investimentos e ações do governo, acompanhando e fiscalizando obras.

Foram realocamos ainda da instituição R$ 30 milhões para a saúde estadual. Além disso, cada um dos deputados vem trabalhando em sua região para oferecer suporte às prefeituras na árdua missão de salvar vidas. É importante frisar que nosso estado tem dimensão continental, 141 municípios e as grandes distâncias dificultam o acesso à saúde.

Justamente por esse motivo a minha bandeira de mandato é “interiorização da medicina”. Trabalho há mais de 40 anos como médico e, sinceramente, não faz sentido que o cidadão precise sair da sua cidade de origem para buscar todo e qualquer tipo de atendimento em Cuiabá. O Hospital Regional de Cáceres, por exemplo, tem uma excelente equipe e pode se tornar referência em diversas áreas, mas precisa de um maior aporte de investimentos.

Outra luta que venho travando é mostrar ao executivo estadual que precisamos apoiar mais os municípios via Consórcios da Saúde. Na região oeste, temos hospitais estruturados para suprir a demanda local, como em Pontes e Lacerda, São José dos Quatro Marcos e Mirassol D’Oeste. Nossa região tem 22 municípios, mais de 330 mil habitantes, e é sensível do ponto de vista socioeconômico, por estar na fronteira com a Bolívia.

Tenho buscado fazer a minha parte. No que tange a recursos, dos R$ 6,5 milhões em emendas parlamentares, destinei 35% – e não os 12% estipulados por lei – exclusivamente para a área da saúde, por entender que precisamos concentrar esforços nesta área. Já temos a garantia de pagamento pelo governo de mais de R$ 2 milhões, que vão contribuir com o trabalho das prefeituras.

Voltando a atenção para as demandas femininas, criei no ano passado a Frente Parlamentar da Saúde da Mulher, cujo objetivo é dar voz para mulheres de todas as idades, em suas mais diferentes necessidades. Com a pandemia, ficou claro que esse espaço de debate é vital para buscar a garantia de atendimento ágil, adequado e humanizado.

A intenção não é criar novas políticas públicas, mas fazer valer aquilo que já existe, é garantir a efetividade das leis. Afinal, esse é um direito da mulher e um dever do estado que impacta diretamente nas famílias brasileiras e mato-grossenses. Hoje, mais de 51% da população do país (ou 100 milhões de habitantes) é composta por mulheres, dos quais 40% delas estão no comando dos seus lares.

Se nossas mulheres adoecem ou morrem, perdemos todos: os filhos, os companheiros e a sociedade. Por isso, como parlamentar e médico, insisto em dizer que a saúde da mulher deve ser prioridade na gestão pública! Contem comigo!

 

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