Quando se realiza uma Olimpíada percebo a diferença entre os atletas de países acostumados a vencer daqueles que apenas participam da festa. Mesmo quando estes convidados têm chance de ganhar, perdem.
O Brasil faz parte dessa turma de coadjuvantes. Raramente ganha uma medalha e quando vence é por conta de iniciativa individual do atleta, nunca fruto de um trabalho, mesmo isolado, de nenhum governo, de qualquer esfera.
Ocorre o mesmo fenômeno com os times de futebol das regiões menos desenvolvidas do Brasil. Assim como os atletas olímpicos favoritos perdem medalhas para os menos expressivos, os times do Nordeste perdem para os do Sudeste. Exemplo recente foi do Ceará, na Copa do Brasil. Vencia o Botafogo por um gol de diferença, o empate o classificava, mas conseguiu perder para o Botafogo – O botafogo! Faltando dois minutos do fim da partida.
Situações semelhantes ocorrem sempre. Os times da Bahia conseguem ser ainda piores. Na semana passada, o Bahia poderia se classificar até com derrota por 1 gol de diferença e conseguiu ser desclassificado pelo inexpressivo César Vallejo, do Peru. O triste é isso. Teve chance de fazer vários gols em casa e não os fez, e conseguem sempre perder pelo resultado que interessava ao adversário. Se tivessem vencido por 6, perderiam pelo mesmo placar.
O Vitória fez o mesmo. Qualquer vitória, ou até dois empates o classificaria contra o Nacional, conseguiu perder em casa. E o treinador ainda repetiu uma retórica descabida de que o importante seria o Campeonato Brasileiro. Nesses, os times da Bahia há muito tempo só lutam para não cair. Às vezes conseguem; outras, não.
Ao contrário do que muitos costumam alegar, a diferença econômica das de Recife, Fortaleza e Salvador para as cidades dos chamados grandes clubes é menor do que a distância dos resultados nos campeonatos nacionais. Além disso, os clubes dos grandes centros passaram a ser formadores de jogadores para o exterior, assim como a Região Nordeste para o Sudeste e o Sul.
Para melhorar, o futebol nordestino precisa ter uma cobertura mais séria da imprensa, com mais racionalidade e menos culpabilidade dos árbitros que, nisso, repete o Galvão Bueno. Reclama de lateral não marcado para o Brasil, mas fica quietinho quando os árbitros não marcam pênalti claro para os adversários.
As torcidas deveriam exigir com mais veemência títulos nacionais e internacionais, começando por exigir administrações mais sérias e transparentes. E parar de vez com o mal maior que são as desculpas esfarrapadas.
Vitória e Bahia jamais poderiam ter sido desclassificados da Copa Sul-americana deste ano, como foram, pois já caírem várias vezes no Campeonato Brasileiro sem estarem na competição continental. Estes dois times não podem passar décadas sem títulos relevantes, muitos sem esses títulos na história. Já os clubes baianos estão lutando sempre para não cair. E os jogadores já têm uma fita gravada de que vão lutar nos próximos jogos para sair dessa situação e a torcida parar de se satisfazer em se livrar do rebaixamento, sempre ano após ano.
Faltam quatro anos para se concretizar a profecia de Bobô, que após vencer o campeonato de 1988 falou que, com a estrutura que tinha o futebol baiano, talvez levassem trinta anos para ganharem outro título nacional. A Bahia pode ser uma potência no futebol como é na música e na cultura nacionais.
Pedro Cardoso da Costa – Bacharel em direito – Interlagos/SP –
—