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Política do deboche

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A semana que passou foi pródiga em noticias que revelam até onde vai o despreparo de alguns políticos em Mato Grosso. Tem-se a impressão de que a turma das folhas e da Internet é maniqueísta, mas é que os flagrantes da vida real da nossa porca política são inevitáveis. Não há um só dia ou um instante em que os jornais e os sites deixem de veicular uma derrapada de alguns dos “nossos” valorosos homens públicos.
Primeiro ato. Um ano depois de se afastar da Assembléia Legislativa, o deputado Gilmar Fabris (DEM) resolveu dar as caras, mas o fez de maneira acintosa. Sem nenhum pudor, usou o Plenário para agredir cidadãos livres que opinaram sobre a cassação de seu mandato, bem como para debochar da Justiça Eleitoral. Só não teve a coragem de anunciar, alto e bom som, que iria devolver os salários de 12,5 mil que recebeu durante 12 meses, sem prestar nenhum serviço em favor dos cidadãos que lhe garantiram a bela e cara sinecura.

Como se sabe, Fabris está deputado graças a uma liminar do TSE, uma dessas manobras que a própria legislação oferece para políticos inescrupulosos se perpetuarem no Poder. Como o deputado “demo”, há outros gargalhando por fazerem o eleitor de idiota. Casos de Chica Nunes (PSDB) e Percival Muniz (PPS). A tucana foi cassada por desvio de dinheiro dos cofres da Câmara, quando a presidia; o “socialista” se agarra desesperado a liminares para segurar o cargo que a Justiça lhe cassou, também sob a acusação de improbidade como prefeito de Rondonópolis. Enquanto isso, posa de paladino da moralidade.
Segundo ato. Na condição de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o ex-deputado Humberto Bosaipo (DEM) levou seus pares a aprovarem um pedido de aposentadoria do ex-deputado Hermínio Barreto (PR). Curiosidade: o salário vitalício de R$ 10 mil será debitado para o sinistro Fundo de Assistência Parlamentar (FAP), que à custa do contribuinte, sustenta ex-deputados, ex-governadores e até prefeitos e deputados federais no pleno exercício das funções.
Barreto, ex-prefeito de Rondonópolis e ex-deputado, certamente, terá a vultosa pensão como “indenização” pela rejeição que o eleitorado lhe impôs no último pleito. Fará parte, no entanto, da generosa e cara (mais de R$ 500 mil mensais, superando os R$ 6 milhões por ano) folha de pagamento de um Fundo que é, isto sim, um enorme ralo.
Terceiro ato. No Plenário da sempre generosa Assembléia, o deputado Walter Rabello (PP) tentou, em vão, justificar a sua demissão do cargo de telecandidato da TV Cidade (SBT), fato que só surpreendeu mesmo os puxa-sacos, que achavam a coisa mais normal do mundo o uso e o abuso da TV na autopromoção. Afinal, ao transformar o seu ridículo programa “Olho Vivo na Cidade” em um imenso e debochado palanque eleitoreiro, Rabello julgou que seria imune à Lei.
Como divulgado, Rabello optou pela artimanha que marcou seu palanque: acusar os adversários na disputa pela Prefeitura de perseguição. Sem o tal do “Olho Vivo”, o deputado optou por usar, com uma freqüência incomum, a tribuna do Legislativo para tentar explicar o inexplicável. Sem palanque eletrônico e sem o salário de deputado, que ele jura doar para os pobres, como Rabello pretende manter o padrão de vida que ostentava como o todo-poderoso do SBT?
O deputado Rabello foi da onda de certos jornalistas travestidos de marqueteiros (no fundo, enganadores, bajuladores e reles serviçais) e se julgou no direito, até, de pisotear a Justiça. Agora, sinaliza que pretende transformar a tribuna da Assembléia em palanque.

Mal acostumado e desesperado, já chamou urubu de meu louro, ao se referir aos seus pares, em Plenário, como telespectadores. Falta pedir doações para insistir em ludibriar a plebe rude e ignara.
O circo está armado no Plenário. Logo, pode ser na TV Assembléia. Com o meu, o seu, o nosso dinheiro. E sob os aplausos de numerosa bancada no Palácio Dante de Oliveira.
É bem Mato Grosso!

Antonio de Souza é jornalista em Cuiabá.
[email protected]

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