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Parece que moro em Paris

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Paris, capital da França, situada às margens do rio Sena, a 170 km do mar. Um dos maiores centros culturais e intelectuais do mundo, centro financeiro, comercial, industrial e artístico da França. Cortada por numerosos bulevares, muitos dos quais construídos no local das antigas muralhas da cidade, lá existem muitas praças públicas, dentre elas a Praça da Concórdia, traçada no reinado de Luís XV, e onde se acham fontes, um obelisco egípcio e como não poderia ser diferente, local onde esta o Arco do Triunfo, visto pela Avenida Champs Elysées, bem como a famosa Torre Eiffel.

Nesse país, a segurança não tem crise, ou seja, não faltam viaturas, os locais destinados a treinamento e descanso dos policiais são realmente de primeiro mundo e não há necessidade de buscar o apoio da sociedade para nada, muito menos para a sua sobrevivência.

Na linda Paris, também a saúde é colocada a disposição do seu povo, não faltam medicamentos, hospitais públicos gerenciados pelo governo são comparados a hotéis de 5 estrelas do Brasil, e as Unidades de Terapias Intensiva (UTI), em pleno funcionamento sempre com disponibilidade de vagas e assim não se deixa cidadãos Franceses morrerem em filas intermináveis.

A Educação? Bem, nesta ainda não visualizei nas minhas andanças por lá, qualquer carência e certamente pelo fato de o Estado francês não permitir que nenhuma criança fique fora das salas de aulas, e, diga-se de passagem lá as salas são amplas e numerosas, com ar-condicionado.

Fiz esse comparativo porque foi assim que me senti quando ouvia os discursos que deram a posse do Novo Comandante da Policia Militar de Sinop.

Senti-me, que morava em Paris e não no Estado de Mato Grosso, muito menos em Sinop.

Por que esse sentimento. Falta de Cultura? Falta de personalidade?

Para mim, que escrevo esse artigo e que estava presente na solenidade, nem falta de Cultura, muito menos falta de personalidade.
Na realidade, não posso concordar com os discursos daquele que deixou o comando da Policia Militar. Da mesma forma não posso concordar com o discurso daquele que tem a missão de representar a segurança pública do nosso Estado.

Quando imaginava que tinha ouvido tudo, derrepente veio mais um discurso e desta vez feito por um morador de Sinop, que hoje nos honra, em vê-lo num dos mais altos cargos no Governo do Estado, tanto é que, naquele momento, o representava e então tinha eu o direito de imaginar que iria consertar todos os discursos anteriores. Mas, infelizmente, isso não aconteceu o que agravou inda mais.

Isto porque sou testemunha viva de que há aproximadamente 10 dias antes desse evento acompanhei uma prestação de contas efetuada pelo ex-comandante da Polícia Militar, onde ele, sem qualquer crítica as seus superiores, sem qualquer insubordinação, apresentava a parte da sociedade, o que ele e seus comandados estavam fazendo pela segurança de Sinop e do Nortão, mas não deixava de dizer: “olha tudo que é possível esta sendo executado, mais do que isso é impossível, por quê? Segundo ele!!!,” POR FALTA DE VIATURAS, POR FALTA DE CONDIÇÕES ECONÔMICAS, POR FALTA DE UM MAIOR NÚMERO DE EFETIVO, POR FALTA DE MELHORES CONDIÇÕES FÍSICAS”.

O triste é que ele não estava errado. O errado é que bastou apenas isso para que o comando fosse mudado e ele fosse colocado à disposição do Comando Geral da Polícia Militar de Mato Grosso. A pedido de quem? Não tenho como responder, mas posso garantir que o pedido nasceu de alguma parasita que se apegam as árvores “frondosas”. Errado, e isso me chateia é que fui a sua despedida, imaginando que essas posições seriam mantidas para o bem da sociedade Mato-grossense e, principalmente, para o bem da sociedade de Sinop, pois é assim que sonho.

Sonho que um dia, as pessoas de tanto sofrerem e de verem seus semelhantes sofrendo não mudarão de posições apenas por conveniência.

Mais uma vez a minha decepção.

Eis, que, em discurso, acredito como um dos mais belos que presenciei nos últimos meses, somente não foi mais feliz porque as palavras mudaram, ou seja, passados 10(dez) dias nunca lhe faltou nada no passado, a polícia esta maravilhosa, os avanços foram surpreendentes, viaturas sobrando, dinheiro a vontade, não faltam efetivos e a criminalidade? Essa esta totalmente sob controle.

Confesso que isso me surpreendeu, e pude ver o tamanho da falta de cultura de nossa sociedade, posto que terminado o discurso, os aplausos foram gerais, menos os meus, que fiquei estarrecido com o sentimento de que o meu silêncio fosse a maior das respostas, embora tive a vontade de levantar e dizer que as palavras que estavam sendo proclamadas com certeza não correspondiam à realidade.

Diante desse quadro, o que já era suficiente para que pudéssemos sair do ambiente, mas continuamos a ouvir discursos e esse me revoltou definitivamente com a solenidade, quando eu fiquei sabendo que os avanços, além daqueles da segurança, tivemos avanço na educação e na saúde.

Então fiquei de vez pirado porque não estou vivendo em Paris, como você que esta lendo este artigo, certamente também não está vivendo.
Estamos vivendo na região Norte de Mato Grosso e precisamente aqui em Sinop. O que vejo é que os alunos que dependem de salas de aulas por parte do Estado, uma grande parte está estudando em condições sub-humanas.

Estamos vivendo na região Norte de Mato Grosso e, principalmente aqui em Sinop, vejo que a criminalidade aumentou do mesmo tamanho do aumento da crise nacional,. O que vejo aqui em Sinop, é que a sociedade honesta e trabalhadora, está começando a ficar presa em seus trabalhos e casas, uma vez que a bandidagem toma conta da cidade. O que vejo aqui em Sinop, é uma inversão de valores, onde os proprietários de fazendas, isso mesmo, aqueles que estão aqui há mais de 20 anos, lutando para um futuro melhor para si e para suas famílias, tendo que desocupá-las, por força de decisões de tribunal que é contrário a qualquer norma de direito, sem qualquer grito da sociedade legalmente constituída, dizendo basta, chega de abusos e absurdos.

Por isso é que estou vivendo na região Norte de Mato Grosso e principalmente aqui em Sinop e não em Paris, mas a procura de uma UTI, que nos discursos foram ditas que foi colocada em funcionamento, a procura de uma polícia que tenha condições econômicas, física e estrutural como aquela apresentada nos discursos e a procura de salas de aula e transportes para os alunos da Rede Estadual de Ensino.

Termino esse artigo dizendo que não tenho nenhuma pretensão de atingir a quem quer que seja, seja ele detentor de cargo político ou não. Não quero entrar no mérito da possibilidade de fazer ou não fazer, porque não sou administrador de nenhum órgão público, muito menos detentor de cargo político.

Quero apenas, manifestar a minha insatisfação e representando certamente muitas pessoas que não moram em Paris e que gostariam de dizer a mesma coisa, mas certamente não podem.

Conclamar a sociedade a não mais aplaudir por aplaudir, que os nossos aplausos tenham um significado e que não seja o de massa de manobra, pois somente assim poderemos dar as nossas parcela de contribuição e ajudar a consertar o nosso Brasil.

Viva a democracia !

Cláudio Alves Pereira, é advogado militante, ex-conselheiro Estadual e ex-membro do Tribunal de Ética e disciplina da OAB-MT, ex-procurador Jurídico do Município de Sinop, ex-Procurador Jurídico da Câmara Municipal de Vereadores de Sinop, articulista do site Só Notícias.

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