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Os parvos da privatização da Sanecap (Parte II)

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Mesmo com todas as críticas e a mobilização popular, 14 parvos aprovaram no dia 1º de setembro a concessão/privatização da água em Cuiabá. Tenho pra mim que a maioria deles foi comprada na boca do caixa mesmo, pois não há outra explicação para a convergência de opinião dos vereadores privatistas.

Recebi denúncia de que um deles recebeu 250 mil reais para capitanear a entrega do precioso líquido à sanha comercial. Galindo, esse resíduo político do pontal do Paranapanema, que faz um governo medíocre e covarde, afronta o povo cuiabano com um rasteiro e acelerado processo privatista, sem discutir com a comunidade. Faz estelionato eleitoral, porque na campanha política não afirmou que faria esta patifaria.

É claro que estes escroques não estão inventando a roda. No mundo todo o processo de privatização da água começou a crescer faz uns 10 anos. Foi impulsionado por duas multinacionais francesas, cujas ramificações em Portugal, desaguaram nesta recente canalhice cuiabana.

As multinacionais, de olho no aumento dos lucros com a crescente escassez da água, passaram a fazer pressão no Banco Mundial, FMI, Mercosul, etc., para impor mudanças legislativas que vão facilitando a flexibilização dos processos de entrega da água ao capital.

Revendo a história descobre-se que na Europa e nos Estados Unidos a água já foi privada, mas que no século 19, os negociantes do liquido devolveram ao estado os serviços de fornecimento de água à população.

Mais recentemente a cidade de Paris resolveu re-estatizar a água e o saneamento, visto que com a iniciativa privada o serviço ficara pior.

No Rio Grande do Sul, a Justiça autorizou que na cidade de Livramento a estrutura da estatal Corsan fosse entregue a um grupo privado. É assim que a coisa vai começando.

Eu acredito que este processo de privatização vai se acelerar por mais um tempo, para depois vir a rebordosa, com a devolução ao Estado, com mais dívidas e problemas. Como disse o promotor de justiça e professor de Direito Ambiental, Eduardo Coral Viegas, "a privatização é juridicamente possível, mas socialmente desastrosa".

Mas voltando à Cuiabá, quero comentar a atitudes de alguns vereadores. O demagogo Pop, que faz palanque eleitoral nas ondas do rádio, pelo que tenho ouvido, vai se haver com os eleitores no próximo ano.

Adevair Cabral deveria ser expulso do PDT, pois, contrariou princípios caros ao partido, esquecido da epopéia de Leonel Brizola que estatizou a energia e a telefonia no Rio Grande.

Ainda falando em PDT, o silêncio de Pedro Taques também cala fundo nesta hora.

Ao tucano Antônio Fernandes eu quero pedir que nunca mais me dirija a palavra, pois não acredito mais em nenhuma que saia de sua boca.

Aos demais, nem vou citá-los, mas dirijo-lhes uma cuspida na cara de cada um, pois é o que merecem de todo povo cuiabano.

Quero cumprimentar os líderes e as pessoas que participaram dos maravilhosos protestos nas ruas da capital. É esse tipo de gente brava que me faz ainda crer na força do povo. Já a polícia que agrediu os manifestantes e protegeu a corja vendilhona, não é Polícia, é meganha. Tanto criminoso assaltando e matando e eles agredindo gente de bem.

Água é o maior símbolo da vida, os negociantes dela haverão de prestar conta ao povo e à história. E se o povo se calar, certamente no futuro esse tipo de gente vai querer privatizar e cobrar pelo ar que respiramos, que, aliás, eles já poluem bastante.

Ademar Adams é jornalista em Cuiabá.

 

 

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