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Os negócios são digitais, e agora ?

Jaqueline Albino
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O conceito de negócio digital baseia-se no desenvolvimento de um modelo de negócio diferenciado, utilizando ferramentas digitais para possibilitar um serviço com valores atrativos e que atendam melhor o cliente.

Inicialmente, a ideia de negócios digitais estava muito focada no uso de sites, blogs, links, redes sociais e e-mail para a venda de um produto ou serviço, de forma mais rápida e confortável. Quem nunca realizou uma compra através da internet? Antigamente isto era visto com muita desconfiança, porém, hoje é uma realidade presente na vida de muitas pessoas.

Todavia, essa evolução e mudança de comportamento intensificou quando o smartphone entrou em ação e se popularizou. O smartphone é como um pequeno computador de bolso, onde o usuário não precisa mais de um computador para realizar suas operações, podendo usar o telefone para fazer suas compras, agendar compromissos, assistir aulas, fazer cursos etc. Esse avanço da tecnologia ocorre com a utilização de um software, um aplicativo (APP), onde as plataformas permitem essas transações de produtos ou serviços e potencializam relacionamentos interpessoais, que são disponíveis neste espaço virtual. É um dispositivo que torna tudo muito acessível.

E o que isso muda para o mundo dos negócios? A conexão passou a ser um dos negócios mais lucrativos! Conectar pessoas gera lucro! É perceptível, na era digital, que os canais de conectividade têm aproximado diretamente o fornecedor do serviço ou produto e seu consumidor, ou os interessados na informação, através de um facilitador digital.  O mais interessante é que os criadores destas plataformas, na maioria das vezes, não entregam nada e nem fabricam nada, o que fazem é organizar e permitir formas de conexão, disponibilizar informações, facilitar pagamentos etc. Exemplos temos a Amazon, PayPal, Uber, Airbnb, entre outros. E esses modelos cresceram exponencialmente. Um estudo intitulado “Explorando o risco estratégico”, diz que 53% dos reconhecidos diretores executivos (Chief Executive Officer-CEO) entendem que esses novos modelos de empreendedorismo por meio da tecnologia apresentam o maior risco estratégico nos próximos anos. E muitos desses executivos apontam que as empresas não estão preparadas para enfrentar esse desafio. Soma-se às instituições governamentais e jurídicas que não conheciam essas relações e seus efeitos e estão sendo forçadas a discutir e revisar esses conceitos (Deloitte, 2013).

O que isso tem de positivo?

Primeiro, a nova geração, que já é digital, poderá ter boas chances de adentrar no mercado de trabalho e utilizar sua criatividade e praticar sua visão empreendedora. Mesmo porque, as profissões e formações precisam ser revisadas e reorientadas. Hoje o profissional que não consegue se adaptar de uma forma mais flexível, não conseguirá se destacar no mercado de trabalho.

Segundo, porque a inserção é global. O que pode ser inventado aqui em Mato Grosso para suprir uma necessidade local pode ser replicado em escala mundial. Muitos desses negócios digitais são criados por estudantes que identificam necessidades no dia a dia, demandas comuns e oferecem uma solução, uma maneira de conectar essas pessoas e lucrar com isso, é a chamada “economia sob demanda”.

Terceiro, a atenção está voltada para a satisfação do consumidor, atendendo uma necessidade dele por um valor atrativo. Por causa do baixo capital necessário para investir inicialmente, as soluções por meio do aplicativo estão mais focadas em facilitar a interação entre os interessados no negócio, possibilitando que todos participem e compartilhem, combinem seus interesses criando uma rede, por isso a importância das startups, que demonstram o processo de ebulição de ideias para a estruturação de negócios escaláveis, globalmente. Não é para menos que Portugal se intitulou como um lugar de destaque para criar startups, decisão que levou o PIB do país e diminuiu a taxa de desemprego e evitou a migração de muitos jovens qualificados para outros países europeus. O “milagre português” como vem sendo intitulado, tirou o país de uma possível intervenção da União Europeia (EU) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e apresentou um crescimento de 2,7% em 2017, superando a média da União Europeia. Afinal, a tecnologia não precisa de muito espaço ou território certo, tampouco das grandes fábricas e plantas industriais.

E quarto, há uma mudança de paradigma e relações jurídicas. Por exemplo, quando os serviços não forem realizados a contento, contra quem reclamar e onde? Muitas vezes os aplicativos tem se manifestado em ações judiciais dizendo que seu serviço é apenas de “conectar ou prestar informações” e que a sua relação com o fornecedor não é de vínculo empregatício e que não disponibilizou nenhum veículo ou imóvel, apenas intermediou. Também não tem relação direta com o consumidor, pois é este quem escolhe e recebe diretamente o serviço. Isto tem fervilhado nas cabeças de profissionais da área jurídica, que tem buscado formas de enquadrar as responsabilidades dessas empresas que muitas vezes não possuem nem representações no país.

O que não se tem duvida, é que existe uma nova forma de se conectar e fazer negócios, e as empresas que desejam perpetuar suas atividades neste século precisarão realmente entrar na era digital. E os profissionais que não estiverem preparados para serem empreendedores e flexíveis, poderão amargar algum tempo até se recolocarem no mercado de trabalho. A conexão e as informações são as preciosas ferramentas deste tempo e que está à disposição para todos usufruírem e tirarem um bom proveito. Você tem alguma ideia que pode virar um negócio global?

Jaqueline Albino é Doutora em Direito pela Universidade de Santa Catarina (UFSC), é Mestre em Ciências Jurídico-Internacionais e faz parte da equipe técnica do Parque Tecnológico da Secitec.

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