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Os imprescindíveis 2

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No final de maio deste ano escrevi um artigo comentando encontro que tive, havia poucos dias, com o ex-deputado Zé Dirceu, o ex-todo poderoso do primeiro governo do presidente Lula e personagem central da chamada crise do Mensalão. Entre outras coisas, destaquei a têmpera do Zé, pelo fato de, mesmo depois da hecatombe vivida, ainda estar entusiasmado com a militância no PT. A maioria das reações que recebi foi de reprovação, afinal Zé Dirceu virou sinônimo de demônio para os que não ultrapassam o senso comum.

Já no final do mês passado tive a oportunidade de ficar ‘face to face’ com o outro personagem central da crise do Mensalão, cuja vida desde então não foi menos turbulenta. Acertou quem imaginou que o outro personagem é Roberto Jefferson.

Ao contrário do Zé, não foi possível explorar mais a conversa com o Roberto Jefferson, uma vez que o encontro foi muito social, num jantar no Tom Choppin. De todo o modo, vale pra ele o mesmo registro que fiz para o Zé Dirceu: assim como seu antípoda, Bob Jefferson também faz uma cruzada pelo país juntando os cacos do seu PTB. Mesmo Jefferson conte com um fenômeno inverso ao do Zé, também no senso comum, não perderia por nada desse mundo a oportunidade de conversar com esses dois personagens – para mim imprescindíveis para a compreensão da história recente do Brasil, e para a existência de seus respectivos partidos. E aguardo de bom grado novas reações de reprovação.

Se não pude explorar mais o Roberto Jefferson, fi-lo com outro personagem imprescindível para o PTB de Mato Grosso. Pude conversar mais demoradamente com o militante-símbolo dos petebistas pantaneiros. Estou falando do Léo Figueiró.

O Léo é daqueles militantes que sempre são convocados na hora de carregar o piano. E o carrega vertendo suor e lágrimas, mas de alegria por estar sendo útil à causa que abraçou. Em geral, quando o partido ocupa espaços de poder, como ocorre nesse momento no Governo do Estado e na prefeitura de Cuiabá, não encontraremos o Léo em nenhum gabinete refrigerado sobre qualquer cargo bem remunerado. Não. O Léo, por opção própria ou por negligência do líder do partido na ocasião, não cabe nos gabinetes. Seu negócio é a militância no relento da política, no sol a sol ou nas madrugadas do trabalho duro, afinal, seu compromisso é com o PTB, não com os aliados de ocasião.

O Léo me contou que chegou ao PTB de Cuiabá, vindo de Corumbá, na década de 1940, quando ainda vestia calça curta. Pegou o PTB com Getúlio. Sem muita consciência, disse se lembrar que, junto com outros moleques da sua rua e de origem udenista, cantava uma musiquinha para provocar os peessedistas: “Juscelino, ladrão desde menino / João Ponce, ladrão de mulher / Filinto, papa defunto / Desminta, se o senhor puder”.

E conta isso como se fosse ontem, com a mesma simpatia e alegria que, desde então, vem carregando o piano do PTB de Mato Grosso. Você pode não saber quem será o próximo presidente ou deputado do PTB de Mato Grosso daqui cinco anos. Mas, pode apostar todo o seu ouro que o Léo Figueiró estará lá na primeira fila dos seguradores de bandeira. Porque, para o Léo, o PTB não é apenas uma bandeira. É um estandarte.

Kleber Lima é jornalista pós-graduado em marketing e consultor de política da KGM

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