Mato Grosso e o Brasil estão assistindo à Operação Arco de Fogo da Polícia Federal. É um formidável espetáculo de mídia que atrai os piores olhares do Brasil e do mundo sobre o Estado de Mato Grosso, como se fosse uma operação de guerra contra criminosos. Para a opinião pública urbana de Mato Grosso e do Brasil, trata-se de combate a crimes ambientais. Na realidade, trata-se de um grande equívoco que se toma a partir do levantamento de dados equivocados do Inpe sobre desmatamentos e da sua divulgação precipitada pela ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.
É desnecessário repetir o quanto os dados do Inpe estão equivocados. Na visita feita a Mato Grosso pela ministra do Meio Ambiente, da Justiça e do desenvolvimento Agrário, imediatamente após os dados serem divulgados, o Inpe admitiu o erro e os prejuízos que causaria a Mato Grosso. Mas não teve a coragem de repetir o erro à imprensa. Tampouco a ministra do Meio Ambiente.
Agora, a Operação Arco de Fogo resume-se numa atitude prepotente do Ibama, que fugiu aos acordos feitos com a Secretaria do Meio Ambiente de Mato Grosso para atuarem em conjunto nas referências de dados usados em campo. O secretário-adjunto de mudanças climáticas da Sema, Afrânio César Migliari, admitiu em Sinop, onde está com a equipe da secretaria para atuar junto na operação, mas foram descartados pelo Ibama.
Na minha opinião, essa operação Arco de Fogo é um retaliação irresponsável do Ibama! De outro lado, é de se lamentar que a Polícia Federal esteja sendo usada para encobrir retaliações dirigidas por um órgão como o Ibama, historicamente incompetente e o maior culpado por todos os problemas ambientais que se abatem sobre a Amazônia. Ao longo de todos os últimos 30 anos o Ibama não fez o trabalho que lhe cabia. Ao contrário, deixou-se levar pela incompetência, pela omissão e pela corrupção. A Polícia Federal tem serviços prestados e uma imagem de respeito junto à sociedade, mas está se prestando a esse desmando nascido nos gabinetes do Ibama e do Ministério do Ambiente em Brasília.
Em lugar de estar em cidades do interior do estado perseguindo cidadãos para atender a equívocos do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente, a Polícia Federal poderia estar nas fronteiras impedindo a entrada de armas e de drogas, nos morros do Rio de Janeiro protegendo famílias e preservando a imagem de sanidade cidadã do Brasil. Ou, quem sabe, procurando políticos corruptos encastelados em gabinetes em Brasília.
A indignação de se ver a Polícia Federal com suas armas poderosas invadindo as indústrias dos presidentes dos sindicatos da indústria madeireira em Alta Floresta e em Sinop, indica claramente que se trata de intimidação dirigida e generalizada. A ostensividade policial é gritante e desmoralizadora contra empresários rigorosamente certos diante de todas as exigências legais, geradores de emprego, pagadores de impostos e os maiores empregadores dessas regiões.
Foram feitos esforços enormes para que a legalidade dominasse a ilegalidade existente à época da Operação Curupira em 2005. Ao fim daquela operação, todas as atividades florestais, de licenciamento e de fiscalização florestal foram repassadas à Secretaria estadual do Meio Ambiente, mediante termo de ajustamento firmado entre o governo de Mato Grosso e a presidência do Ibama. O passivo de inoperância e de incompetência deixado pelo Ibama levará anos até ser corrigido e se dê condições de legalidade aos manejos florestais adormecidos nas gavetas e à venda descarada de autorizações de desmate e de transporte de produtos florestais.
A Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso lamenta que os dois presidentes dos sindicatos das indústrias madeiras, de Alta Floresta, Lindomar Elias Dela Justina, e José Eduardo Pinto, de Sinop, tenham suas indústrias transformadas em alvos da fiscalização do Ibama, em clara demonstração de retaliação política. São empresários e dirigentes classistas que alçaram a esse posto pela sua atuação correta, caso contrário a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso não os teria legitimado como seus representantes regionais.
O radicalismo do Ibama dentro da Operação Arco de Fogo é lamentável e indigno. Não se justifica e nem se justificaria, porque o clima no setor de base florestal em 2008 nada tem a ver com o de 2005, quando da Operação Curupira. Seria muito oportuno perguntar quais os interesses desses dados equivocados, mentirosos, e se não estariam sendo produzidos pelo Inpe, e divulgados de maneira irresponsável e leviana pela ministra Marina Silva, para alimentar ambientalismos sedentos por recursos e por poder político.
Mauro Mendes é presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Sistema FIEMT)