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O que faz do outro diferente

João Batista de Oliveira
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A esquerda brasileira de hoje é chamada de comunista, socialista ou de doentia, acabei de ouvir este último adjetivo em um grupo de aplicativo de conversas no qual eu ainda insisto em permanecer. Mas foi bom, pois resolvi escrever sobre isso.

Sou de esquerda, e daí?

Ser de esquerda é ser partidário de alguma agremiação política, ou a sua extensão interpretativa transcende um único enquadramento?

Ser de esquerda é preocupar com o social, com o que a Constituição da República Federativa do Brasil objetiva no seu art. 3º, é erradicar a pobreza e diminuir as desigualdades sociais.

Ser de esquerda é acreditar que um dia cumpramos com outro objetivo da República Federativa do Brasil, que é promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Ser de esquerda então é defender o pobre, e isso não é ser comunista, é Evangelho, conforme disse o Papa Francisco em uma entrevista concedida ao jornal italiano La Stampa no dia 11 deste mês.

Ser de esquerda, como bem ensina Leonardo Boff, é ser zeloso com o outro, é não tolerar, pois a tolerância coloca o outro como parte de um mundo que não lhe pertence, mas ser cuidadoso o necessário com o outro, é aceita-lo, mesmo com ideias completamente divergentes. É acolher!

Ser de esquerda é discordar, e nem por isso ofender, maltratar, ferir.

Mas, pensando bem, acredito que sou de direita, e daí?

Ser de direita é querer ver o Brasil sempre adiante, com a sua economia crescendo de maneira exponencial.

Ser de direita é querer o crescimento econômico, é almejar ver o emprego crescer e ainda desejar assistir a redução das desigualdades sociais, com a eliminação da pobreza.

Ser de direita é não querer corrupção, é querer que o outro entenda as minhas questões morais e que eu possa entender aquelas que lhe são tão caras. É poder exigir do próximo e também querer que ele também possa exigir de mim o máximo de respeito.

Mas pensando bem, acredito que sou de centro, e daí?

Nem muito ao céu, nem muito ao mar, o que eu quero é que o País tenha uma Previdência que consiga honrar com seus compromissos e não deixar que pessoas que contribuíram com muitos anos de seu trabalho, pereçam por falta de dignidade.

Ser de centro é respeitar o ser humano enquanto ser dotado de toda liberdade de se expressar sem que isso seja considerado um crime, a não ser nas hipóteses de excesso em que se fira o direito alheio.

Afinal, o que sou mesmo?

Sou um ser humano assim como você que está lendo este texto. Só penso diferente de você. Ah, que ótimo, isso me faz tão bem.

Pensar diferente é ser humano, é quase inato. Agora, acredito que fazer de nossas diferenças uma “guerra” declarada é um tanto quanto demodê (como estou escrevendo em português, resolvi lembrar-me de Ariano Suassuna, que sempre foi um crítico do estrangeirismo e escrevi assim mesmo, demodê).

Somos todos iguais, queremos o bem comum, que o outro coma, que tenha educação, que seja assistido em sua saúde, seja por um modelo ou por outro, que tenha acesso aos direitos individuais e sociais para que não lhe falte dignidade. Acredito que você não quer algo diferente, pode ter um caminho que entenda ser melhor, mas você não quer que o outro, por ser “diferente”, seja o seu inimigo, e, por isso, mereça o pior.

Sejamos fraternos, antes de sermos beligerantes.

Vamos Brasil, você é gigante, e assim como a sua extensão territorial, o seu Povo também tem um coração enorme.

Vamos votar Brasil, mas que após o voto possamos olhar para o outro diferente e perceber que no fundo somos TODOS iguais.

João Batista de Oliveira, Promotor de Justiça em Primavera do Leste/MT

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