sexta-feira, 26/julho/2024
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O professor e o poder público

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Não há uma só pessoa neste mundo, desde um médico super especializado ou um físico da Nasa, passando por um técnico ou engenheiro de altíssimo nível ou um prefeito, pois para tanto ele sabe ler, chegando até um lixeiro alfabetizado, todos estes, aprenderam ler e escrever com um professor de ensino fundamental. O professor é como ouro, a criança o diamante, juntos são jóias raras em seu país, devem ser cuidadas com carinho, respeito e consideração.

Todavia não é o que acontece, é exatamente ao contrário, ele é um coitado. A desvalorização do professor é tão antiga quanto histórica e já foi denunciada pelo maior número de pessoas que tiveram um mínimo de acesso aos meios de comunicação e a paciência de se debruçar sobre o assunto. Via de regra, ele é muito mais mal tratado que um amestrador de animais e ganha menos que a conta de celular da grande e esmagadora maioria dos políticos brasileiros. Recentemente a imprensa divulgou que a filha de um senador, durante uma viagem que fez ao México por 20 dias, gastou R$ 14,7 mil, (pagos pelo contribuinte), ou seja, a mesma importância que ganha a maioria dos professores durante um ano todo. Claro que por via de conseqüência, os nossos homens públicos dispensam aos alunos a mesma importância, só os pais não se lembram disto na hora do voto. Mas é assim mesmo: o Estado é modesto com que ensina e pródigo com os gastos da classe política.

Apesar dos altos investimentos anunciados pelos nossos administradores, os recursos financeiros não alcançam o professor e nem o aluno. Algumas vezes esses altos investimentos ficam com os cargos de confiança que na educação são muitos, visto que muitos municípios apesar da exigência da lei, e muitas são as leis que garantem (no papel), ainda não se deram ao trabalho de elaborar um Plano de Carreira, muito provavelmente porque esses cargos de confiança funcionam como moeda de troca nas negociações partidárias em épocas de eleições. E a educação, ou seja, o professor e o aluno que são o centro e a razão de ser da educação ficam sempre em último lugar na fila das prioridades, é lamentável essa situação.

Atualmente é exigido do professor um curso superior, e para que seja promovido em sua carreira (isso quando se tem um plano de carreira), um curso de pós-graduação além da participação em congressos, cursos de capacitação, tudo isso sem contar os investimentos que o professor tem no dia-a-dia, com internet, livros, revistas especializadas, jornais para que esteja sempre atualizado e acompanhe seus alunos. O professor é um profissional que precisa estar á frente de seu tempo.

Difícil encontrar exemplo melhor do contraste fatídico de nossa história nacional da infâmia: de um lado, a modéstia (melhor dizer miséria) com que o Estado brasileiro remunera os profissionais responsáveis pelo maior patrimônio de uma comunidade na sociedade da informação: a educação. Do outro, os privilégios com que se refestela a casta política dirigente, em especial a que participa das decisões do Poder tido como popular por excelência, o Legislativo, que reúne os representantes da cidadania. Chegamos às raias do paroxismo quando nosso prefeito tenta impedir, na justiça, um movimento legítimo da classe que não surpreende, pois, quanto menor a escolaridade do mandatário, menor é a importância que ele confere ao ensino. “Priorizar a educação” já rendeu, e vai continuar rendendo, moeda de palanque por muitos e muitos anos.

Todavia, este não é um “privilégio” nosso, a situação é endêmica e os comentários valem para o país como um todo. Aqui se constata, além disto, que todo o alarde feito em torno das merendas escolares teve apenas o condão de derrubar a quantidade e a qualidade do que é servido aos nossos alunos, á partir das creches. De todo modo, nós pobres eleitores resta-nos escolher entre duas alternativas: a cegueira córnea, ou a ignorância cínica: eu não sabia.

 

Djalma Franco é economista e administrador de empresas em Sinop

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