Sou fã de histórias em quadrinhos (HQ). Gostaria de ser mais fã dos personagens que gosto do que realmente sou. Mas me contento com o conhecimento que aprendi sobre eles em várias e várias horas de leitura de arcos e mais arcos. Dois personagens, no entanto, sempre tiveram a minha atenção. O primeiro Bruce Wayne (Batman). O segundo um carinha chamado Peter Parker (Homem-Aranha) e é neste que quero me ater. O Batman ficará para o momento certo.
Como não se identificar com a história de Peter Parker? Apenas se você for um dos caras do outro lado da história, ou seja, o que se acha durão e sempre está disposto a dar uma bela surra nos outros para mostrar ao colégio inteiro que você é "o cara". Não, neste tipo de história sempre ficamos ao lado do fraco e que sabemos que cedo ou tarde ele vai reagir aos danos sofridos (de uma forma ou outra, correta ou não). A história de Peter pode ser vista em qualquer escola, seja ela americana ou de qualquer país.
O novo filme-franquia do personagem O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man) é um ótimo filme. Melhor em muitos pontos em relação à trilogia anterior. E olha que gosto dos dois primeiros anteriores (mais do primeiro do que do segundo. O terceiro é sofrível e com mais buracos na história do que uma peneira). Classificando o novo filme assim, tenho a certeza que posso desagradar muitas pessoas que são fãs da trilogia anterior. Porém, este filme é melhor do que o primeiro da série anterior. Não tenho a menor dúvida em dizer isso.
Li algumas críticas de sites especializados no assunto, de pessoas que realmente são fãs das HQs e conhecem tudo sobre a história, e acharam o filme "meia-boca" ou que não era necessário um reboot (uma nova recontagem da história, já que os outros ainda estão fresquinhos na memória). Mas este filme, trouxe algo novo e melhorado.
Falar sobre a origem dele, explorar a morte dos pais foi uma sacada genial. E apesar das críticas, isso nunca fica muito claro nos quadrinhos e gostei de ver uma versão sobre o tema relegado aos últimos planos. Li que isso tirou "a força da figura paterna do tio Ben" com a busca do Peter sobre os pais. Balela, tio Ben e tia May sempre serão importantes dramaticamente na história do Peter de qualquer forma e isso fica claro no filme.
As cenas de lutas ficaram muito bem coreografadas e a edição rápida ajuda a dar a sensação de estar ali, no centro nervoso da ação. Os efeitos especiais são bons.
Não quero me atentar a pequenos detalhes, mas ver o próprio Parker criar o lançador de teias foi muito legal. Todas as histórias que já li, a teia não saia do pulso dele naturalmente e sim de um equipamento construído pelo próprio personagem. Esta é a minha memória de infância do Homem-Aranha. Pode ser uma coisa pequena, mas isso mostrava a parte nerd "faça você mesmo". Isto era a graça da coisa. Poxa, o cara já tinha sido picado por uma aranha mutante (coisa que pode acontecer a qualquer um, aliás) e ganhou inúmeras habilidades especiais. Ele tinha que usar sua inteligência nerd para alguma coisa e nada mais inteligente do que utilizá-la para criar o lançador de teia. Simples e fantástico.
Sem contar que o ator Andrew Garfield ficou perfeito para o papel. Ele tem a cara de nerd babaca, esquisito e desajeitado quando é necessário e também mostra seriedade e convencimento quando está em algo dramático. Esta é a dualidade do Peter que eu não conseguia ver no Tobey Maguire. Bom ator, mas parecia estar sempre com cara de nerd bobão. Tudo bem, muitos vão achar que o atual Peter pode ter ficado muito desenvolto e "descolado" andando de skate. Lembro de uma coisa: nerds também amam e tem algum tipo de vida. O quê tem demais o cara saber andar de skate e não ficar somente bitolado em um computador. As burrices e as cenas constrangedoras estão lá para mostrar que o cara é um "loser" sem a máscara.
E a Gwen Stacy? Emma Stone ficou perfeita no papel. Só achei que ficou faltando um pouco da antipatia dela para com o Peter no início da história deles. Pelo pouco que conheço, ela tinha certa implicância com ele que depois foi se desfazendo. Detalhe menor, pois se o filme fosse seguir fielmente os quadrinhos teríamos um filme de mais de dez horas ou mais.
O vilão foi bem escolhido, assim como o ator Rhys Ifans para interpretá-lo. Gosto muito das histórias nas quais aparece o Dr. Curt Connors ou simplesmente, o Lagarto. Acho um personagem complexo e mal resolvido em sua própria história de vida na busca de uma cura para sua deformidade. Os demais papéis são secundários, mas não menos importantes. Cada um teve seu espaço importante na condução da história.
Por fim, vale o ingresso assistir o filme em tela grande. Apesar do cinema onde assisti não colaborar muito. A parte que eu mais gostei, sem dúvida nenhuma, foi ver do meu lado um espectador se surpreender com uma passagem do filme. Não vou dizer qual cena é, mas isso mostra o quanto grande parte da história do aranha é desconhecida para muitos e os filmes ajudam (ou atrapalham) na concepção geral da coisa toda.
Os Vingadores ficou no passado. Agora é esperar pela surpresa maior do ano que está por vir: Batman, o cavaleiro das trevas ressurge.
Alex Fama é jornalista e editor do Só Notícias, além de fã de HQs.
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