Por quase dois anos que trabalhei no Ferrugem tive a oportunidade de conhecer os meandros do sistema prisional do estado. De fato ele padece pela falta de praticamente tudo que necessita, desde guarnição mínima exigida de policiais militares, passando por uniformes, toalhas, colchões, medicamentos, materiais de limpeza e higiene, suprimento para informática, chegando até médico, além de assistência jurídica ao presídio. Parece que o estado de penúria é calculado para ficar no limiar do "apenas o minimamente aceitável", e entende-se: preso rende muito pouco voto.
O Sistema Prisional é um verdadeiro "cadinho" de interesses espúrios, de toda ordem, vindo das mais diversas pessoas. Políticos das esferas, municipal e estadual e municipal, que acreditam que tudo podem, independentemente de qualquer regulamento de segurança. Os primeiros envidam tentativas de visitas em horários de grande conveniência própria e inconveniência funcional em claras tentativas de quebra de regimento e segurança, para atender interesses pessoais, na maioria das vezes irrelevantes. Os da esfera estadual, são useiros e praticar tentativas de nomear apaniguados para postos "chave" apesar de donatários de extensa folha corrida policial, quando não com acusação fundada por tráfico de drogas.
A proposta do ilustre vereador é um indicativo que, caso ele venha repetir atitudes que tais, representará uma grata surpresa num ambiente tão eivado de atitudes que, salvo raríssimas e honrosas exceções, não carregam o menor espírito público. Para chegar-se a este tipo de conclusão basta analisar as propostas que são colocadas a cada novo episódio. A cada sessão da câmara constata-se que as propostas apresentadas são de baixíssimo alcance.É muito difícil constatar-se que o corpo de vereadores, como um todo, manifeste um mínimo de espírito público, apresentando soluções que trazem resultados reais e necessários ao desenvolvimento e progresso do município. O que é muito comum são atitudes que não passam de meros jogos de cena para impressionar os menos avisados.
Tanto isto é verdade que seria altamente conveniente que alguma voz minimamente consciente apresentasse uma proposta para evitar o aumento do número de vereadores. Não se vislumbra o menor resultado positivo no aumento de vereadores, a não ser para aqueles que serão empossados. Não existe uma só pessoa que, em sã consciência, sem ser cínico, seja capaz de apontar uma só utilidade para o aumento do número de vereadores de Sinop. Qualquer coisa diferente disto pode ser pura cegueira córnea ou ignorância cínica, qualidades muito comuns em políticos de forma geral.
Djalma Franco é economista e ex-diretor do presídio em Sinop