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O cidadão tem toda razão

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Desconfiar dos políticos é uma maravilhosa tradição republicana. Eu, que me orgulho de ser político, percebo que as instituições no Brasil ainda precisam caminhar muito para que o povo se sinta devidamente representado. Isso vale para os cargos do Poder Executivo, do Legislativo e até para o Judiciário, embora seus membros não sejam eleitos.

Como senador da República, vejo claramente que a Praça dos Três Poderes não tem um banco cômodo e aconchegante, no qual o cidadão brasileiro se sinta convidado a se sentar.

Isso pode mudar, evidentemente. E deve mudar. A democracia se constrói com instituições fortes, arejadas e atentas à realidade nacional. Elas são legitimadas pelo voto, nos casos do Executivo e do Legislativo, mas, também, por sua própria atuação.

A mudança no ambiente do Legislativo deve começar pela coragem de "mostrar a cara", de atuar com transparência e de defender, com firmeza, seus pontos de vista. Vencer ou perder votações e disputas não é o mais importante, porque o Senado e a Câmara devem ser, justamente, casas de debates das questões do país.

Outra exigência é a ética mais estrita, a conduta que não gera dúvidas sobre se o objetivo dos políticos é servir o Brasil ou servir-se dele. E, por fim, deve existir renovação. A dinâmica sociedade brasileira muitas vezes se espanta com o continuísmo que parece imperar em tantas instâncias de poder.

Por essas razões –transparência, ética e renovação–, resolvi lançar minha candidatura à presidência do Senado. O resultado não é o mais importante –se vou ganhar ou perder–, mas faço questão de mostrar as minhas propostas e de me lançar como alternativa. A omissão me parece sempre a pior solução.

Tenho trânsito na base de sustentação ao governo e, também, na oposição (que está excessivamente desanimada…). Participo da disputa para evitar que tudo pareça um "acordo de cavalheiros".

O Senado não pode ser um clube para poucos, que vira as costas para a sociedade que representa. Ainda que os cargos sejam ocupados de acordo com a força dos partidos e blocos partidários, a disputa interessa ao país inteiro.

As minhas propostas procuram concretizar aqueles três requisitos necessários para a mudança dos costumes políticos: transparência, ética e renovação. Não procuro confrontar ninguém, mas zelar pelo cumprimento da Constituição.

Por exemplo, as funções próprias do Legislativo, fiscalizar e legislar, devem ser prestigiadas. Hoje, elas estão diminuídas pelo agigantamento do Poder Executivo e seu gosto de legislar por medidas provisórias.

O Brasil desconfia do Senado da República, de sua atuação, de sua administração e de sua utilidade. É uma desconfiança legítima e válida. Afinal, foram tantos os escândalos em tempos recentes!

Cabe a nós, senadores, criar caminhos para que essas desconfianças sejam afastadas, mostrando trabalho honesto e duro, sempre no sentido de resolver conflitos entre os Estados e de aprimorar nosso pacto federativo. Quero ampliar as funções de ouvidoria administrativa e o papel da Comissão de Ética.

Todo candidato que se bate contra uma maioria presumida é um "anticandidato", como o foi, a seu tempo, o grande brasileiro Ulysses Guimarães.

Sou, então, um dos anticandidatos à presidência do Senado. Estou "mostrando a minha cara". Não sou o candidato da volta, mas da reviravolta. Até os peixes do rio Cuiabá sabem que não há vida se não houver coragem.

Pedro Taques, 44, bacharel em direito pela Universidade de Taubaté, é senador pelo PDT-MT

 

 

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