A inserção dos países no contexto internacional está relacionada com o que em geopolítica e geoestratégia denomina-se de projeção de poder e define o espaço que cada país em um determinado momento ou por períodos mais longos busca ocupar. A projeção de poder está relacionada também com o tamanho da economia, do mercado interno, da capacidade de competição, pelos índices de produtividade, a capacidade de definir padrões culturais, religiosos e também pelo poderio militar, científico e tecnológico.
Percebe-se, portanto,que além de uma população numerosa, território de dimensões consideradas grandes, seja em um único espaço ou através de colônias, um país só consegue projetar poder se possui as dimensões anteriormente referidas.
Diversos países europeus, considerados colonialistas durante vários séculos, mesmo tendo população e território considerados pequenos, pelos padrões atuais, tinham os demais elementos que lhes possibilitaram projetar poder pelos diveros continentes. Assim aconteceu com a Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha , Portugal, Holanda principalmente.
Terminada a segunda Guerra mundial, há quase 70 anos, as antigas potências européias ,mesmo as vencedoras e também a Alemanha, Itália e o Japão, as derrotadas, entraram em um periodo de redução de poder e a perda paulatina de suas colônias, cedendo lugar a dois novos atores, que passaram a ocupar o lugar de superpotências: os EUA e a União Soviética.
Durante várias décadas essas duas superpotências competiram pela primazia nas relações internacionais, dentro do clima da Guerra-fria, que durou até 1989, com a queda do muro de Berlin e o esfacelamento do outrora todo poderoso império soviético.
Nessas duas últimas décadas o mundo parecia estar sendo desenhado por uma única super-potência, os EUA, principalmente pela sua hegemonia militar, científica, tecnológica e econômica. O crescimento acelerado da China, que em tres décadas passou a ser a segunda economia do planeta, com índices elevados e contínuos de crescimento de seu PIB, está conseguindo ocupar um espaço importante no mundo, tanto em termos econômicos, quanto em fortalecimento de sua expressao militar e aéreo-espacial.
Outra dimensão da projeção de poder foi a consolidação da União Européia que, mesmo em meio a uma crise econômica e financeira profunda nos últimos cinco anos, ainda é um ator de primeira grandeza em termos de PIB, desenvolvimento científio e tecnológico, expressão militar.
Entre as quinze maiores economias do mundo em 2012, todas com PIB maior do que um trihão de dólares, estão incluidos: EUA 16,2 trilhões (23,2% do PIB mundial); China 8,2 (11,4%); Japão 6,0 (8,3%); Alemanha 3,4 (4,7%); França 2,6 (3,6%); Inglaterra 2,5 (3,5%); Brasil 2,3 (3,2%); Rússia 2,1 (2,9%); Itália 2,0 (2,8%); Índia 1,8 (2,5%); Canadá 1,8 (2,5%); Austrália 1,5 (2,1%); Espanha 1,3 (1,8%); México 1,2 (1,7%); Coréia do Sul 1,1 (1,5%).
Apesar de ser a sétima economia do planeta, o Brasil neste grupo das quinze maiores economias é o ultimo em comércio internacional, em renda e PIB per capita. Possui a segunda maior taxa de inflação (5,8%),só perdendo para a Índia (6,0%) e também a segunda maior taxa básica de juros (8,0%), só perdendo para a Rússia (8,25%).
Além desses aspectos para podermos avaliar a inserção de um país no contexto internacional devemos observar outros parâmetros como grau de participação da indústria na composição do PIB, indice de dependência externa e desnacionalização da economia, posição em relação a competitividade, endividamento público, interno e externo e os meios militares de que dispõe para garantir seus interesses nacionais vitais, tanto interna quanto externamente. Esses aspectos devem constar das diversas políticas públicas,principalmente a política externa,que não deve ser formulada segundo opções ideológicas do governo de plantão, mas sim, de acordo com os interesses nacionais permanents e um projeto de desenvolvimento nacional de médio e longo prazo.
Será que o Brasil possui esses aspectos a guiar sua inserção internacional? Vamos ver proximamente!
Juacy da Silva, professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia
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