sábado, 18/maio/2024
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O apadrinhado do parlamento

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oão Menna Neto
 
Faltando pouco mais de um ano para as eleições gerais de 2010, quando estarão em disputa os cargos majoritários de presidente da república, governador, senador (duas vagas) e proporcionais para deputado federal e estadual, nos bastidores da política já são intensas as movimentações partidárias e as especulações a respeito de nomes de prováveis candidatos a candidatos no amplo quadro de disputa da vindoura pugna eleitoral. Isso, na verdade, não é novidade. Sempre foi – e será – assim.

Nessa fervilhante movimentação, nomes entram e saem do rol de pretensos candidatos com impressionante velocidade, ao sabor nem sempre salutar dos diversificados interesses dos partidos e grupos políticos, comportamento especulativo de benção ou de fritura que também não traz nenhuma novidade.

Uma vertente interessante nesse processo de efervescência pré-eleitoral está ganhando corpo e espaço nas avaliações preliminares dentro da Assembléia Legislativa estadual e começa a contaminar redutos fora do restrito contexto parlamentar. A questão em causa é simples: comenta-se com muita freqüência que o parlamento estadual deseja ter um nome saído de suas entranhas para disputar uma vaga ao senado.

Situação semelhante já aconteceu num passado não muito distante, ocasião em que foi notório o apoio da Casa e de seu presidente à candidatura da atual senadora Serys Marli. Ademais, sendo duas as vagas em disputa o parlamentar que apoiar um candidato chancelado pela Assembléia não ficará impedido de trabalhar pela candidatura de seu partido.
O nome escolhido, independente de partido ou coligação partidária, contaria com o apoio mínimo de dez ou doze deputados estaduais. Ou seja, ele seria o candidato ungido para mostrar a força política e eleitoral da instituição na disputa de um cargo majoritário que, a rigor, foge de sua abrangência cotidiana.

É uma estratégia que tem seus riscos. Mas, que, por outro lado, pode resultar em sucesso. E quais seriam os nomes em voga? O primeiro, sem dúvida, é o de José Riva (PP), atual presidente da Assembléia Legislativa, detentor de um portentoso patrimônio eleitoral, que também aparece com enorme visibilidade política e popular para a disputa ao Palácio Paiaguás. E também a mais uma recondução ao cargo de deputado estadual. Por enquanto, é um pretendente polivalente, ousado e forte em qualquer opção que for adotada.

Observadores políticos avaliam, no entanto, que para um confronto majoritário Riva tem contra si alguns percalços jurídicos que precisam ser contornados, sob pena de correr riscos enormes capazes de arranhar seu potencial eleitoral e inviabilizar pretensões de disputar o governo do Estado ou o senado.

A outra dupla comentada é formada pelos deputados Roberto França (sem partido) e Guilherme Maluf (PSDB). O primeiro ostenta um vasto currículo político-eleitoral. Anteriormente, foi vereador, deputado estadual, inclusive presidente do Poder Legislativo estadual, deputado federal e, por força do estatuto da reeleição, eleito prefeito de Cuiabá, em duas vezes consecutivas, cargo que deixou com a imagem política e administrativa abalada e desgastada em virtude de atrasos salariais para com o funcionalismo público municipal.

O deputado Guilherme Maluf, mesmo sendo considerado ainda neófito no cenário político estadual, visto que até agora exerceu apenas meio mandato de vereador em Cuiabá e cumprindo, no momento, seu primeiro mandato como deputado estadual é uma liderança política emergente, com imagem pública respaldada numa boa atuação parlamentar, intenso trabalho social, enfrentamento interno partidário, disposição para a renovação e reestruturação de sua agremiação partidária, constituindo-se na principal voz do complexo setor da saúde no parlamento estadual, além de transitar com facilidade e desenvoltura no meio político-partidário. Em tese, tudo isso pesa muito, favoravelmente.

Além do que, mantém estreita ligação com vários segmentos profissionais, empresariais e sociais, relacionamento que somado à sua capacidade de articulação pode vir a ser predicado importante na definição de seu engajamento em busca de vôo mais alto. É o novo que pode surpreender. E em política, como em qualquer outra atividade humana, é importante saber fazer a hora.

Contudo, tanto França como Maluf tem consciência de que por se tratar de uma disputa excludente, pois somente um poderá ser o escolhido para abocanhar o apadrinhamento do Legislativo estadual, a evolução da pretensão senatoria de cada um depende muito mais do destino político que José Riva tomará do que propriamente de um solitário desejo pessoal, com ou sem o pleno aval partidário. De certa forma, uma expectativa demorada e angustiante.
A certeza que se tem, por enquanto, é a de que as pedras do tabuleiro político não estão esquecidas e nem permanecerão inertes. Ao contrário, sob o comando de mãos e cérebros preparados, jogadores se postam para movê-las com cuidado, mantendo um olho no jogo e outro na platéia, pois o bom mesmo é contar com os dois, isto é, ganhar o jogo e o aplauso, já que em política, a priori, voto e apoio substancioso não se dispensam.
 
 
João Menna Neto – Observador e Militante Político.
[email protected]

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