sexta-feira, 19/abril/2024
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Meu SIM

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Dialogar, ouvir, tentar compreender o posicionamento do outro é uma atitude que se espera de um ser humano que respeite as diferenças entre seres humanos de todas as culturas do mundo.
Mas o fato de respeitar e tentar entender o posicionamento do outro não implica que joguemos no lixo nossa possibilidade de se inquietar e indignar com afirmações que ferem a capacidade humana de articular pensamentos e são expressos em veículos de comunicação por pessoas consideradas “influentes” e que acabam se tornando formadores de opinião.
Com respeito ao contraditório, acato (mas não concordo) os argumentos de quem é desfavorável à proibição do comércio de armas de fogo e munições no Brasil, quando aponta que o estado não tem demonstrado ser competente em coibir a violência. O que eu não admito é o contra-senso de alguns desses “influentes” quando dizem que fazem campanha em sua própria igreja contra o desarmamento. Que igreja é essa? Existe alguma doutrina cristã que atesta em favor das armas? Impossível encontrar princípios cristãos em uma religião que não pauta sua filosofia em fazer o bem e lutar (sem armas de fogo e qualquer forma de violência física ou moral) pela PAZ. Falar em armas e citar religião me soa como hipocrisia ou fundamentalismo. Isso é um perigo! Assim se construíram as “guerras santas”, que como guerras, não podem trazer a paz.
A paz proposta por John Lennon, João Paulo II, Gandhi, Martin Luther King (…) – que mesmo contra as guerras e as armas foram alvo de falsos idealistas ou fanáticos religiosos – ainda deve ser o sentimento a impulsionar a inquietude dos que condenam a guerra e buscam um mundo melhor. E esse mundo melhor só pode ser possível se as armas da humanidade voltarem-se para corrigir as desigualdades sociais, a fome e a miséria. Esse mundo melhor só é possível se as armas da humanidade atacarem inimigos como o câncer, a dengue e a empáfia dos intolerantes e fundamentalistas.
Quando argumentam acerca da manutenção das armas em poder de civis, os que advogam o NÃO pecam em diferenciar os seres humanos entre os de BEM e os bandidos. Formulação simplista! Um maniqueísmo anacrônico e ingênuo. Primeiro porque afora as histórias em quadrinhos, os filmes de bang-bang e as Fábulas de Esopo; é impossível de se encontrar um ser humano totalmente bom ou totalmente ruim. Quantas atitudes negativas (na nossa ótica) que nos surpreendem de pessoas que consideramos de bem, assim como o contrário também é evidente. Logo, essa divisão de seres humanos como “os Bons” e “os Maus” é um equívoco muito grande, já que a evidência da ambigüidade humana é uma característica que apresenta marcas em todos nós. Como saber então se alguém considerado de bem em determinado momento de sua existência não apresentará rompantes de maldade e dará, talvez até por um motivo banal, um tiro certeiro na testa de outro de “bem”, principalmente se sua habilidade com a arma não estiver mais enferrujada que o “três oitão”, “responsavelmente bem guardado”.
Portanto, armas somente com a polícia, mas com uma polícia equilibrada! Quem não é policial e não quer se tornar e nem ver tornar-se criminoso alguém que ele considera de bem, pondere mais, reflita mais, pense nos princípios cristãos, pense em coisas que possam dignificar o humano, dando crédito à humanidade e dizendo SIM às possibilidades de manutenção de vidas!
E já que vivemos num estado de direito, porque não lutar mais por instituições democráticas fortalecidas: um congresso forte assim como o poder judiciário e polícia – aparelhados logisticamente – para garantir os verdadeiros direitos e liberdades individuais. Porque, mesmo sabendo que existem vícios que corrompem os humanos, precisamos de uma ordem institucional que se sobreponha aos possíveis atos de corrupção de seus atores.
E as igrejas? Dessas, eu queria ter a certeza que pregam em favor da paz e harmonia entre os filhos de Deus. Sem armas e sem apologia ao uso de armas!
Sinceramente espero que, mesmo que no plebiscito vença o “não”, possa supor que cidadãos que se declaram “de bem” troquem a “adoção” de armas pela adoção de crianças carentes, tendo a consciência de que fizeram sua parte jogando as armas e a hipocrisia no lixo.

João Batista Lopes da Silva
Professor na Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Sinop

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