Meandros, dribles e ‘igrejinhas’
Quem não convive com os bastidores de um clube de futebol, as dificuldades dos dirigentes, a astúcia de outros, os dramas particulares dos jogadores, os enganadores e as ‘igrejinhas’, mal consegue entender como um timaço ‘no papel’ pode decepcionar em campo.
Nesse final de semana começa mais um Campeonato Mato-grossense, que antes mesmo de ter o seu pontapé inicial, já deixa o torcedor com um pé atrás; afinal, Dom Bosco, Juventude e Sinop, que disputariam a Segunda Divisão, continuam na primeira. A essa altura a virada de mesa é o de menos. O que preocupa realmente é que diante dos investimentos de empresários e dirigentes, a contratação de técnicos e jogadores conhecidos do público, da badalação e da expectativa de um grande certame, estamos próximos de uma nova decepção.
Vamos por partes. No ano passado, o Operário que não pagava seus jogadores, não tinha combustível para o velho ônibus e tinha uma diretoria no mínimo ‘suspeita’, onde o ‘presidente’ não assinava pelo clube, o título veio como uma benção. Afinal, quem poderia esperar que diante de tantas adversidades, o Chicote se superasse ?
Veio 2007 e a diretoria mudou. Um mês depois o presidente João José Pedroso de Barros abandonou a barca, passando a bola para o irmão Maninho. Veio Luiz Carlos Winck, vieram jogadores, uma derrota em amistoso, e muitos já voltaram. Com uma defesa desfalcada o time estréia domingo, em Cáceres e corre o risco de ser acuado pela tática do esperto Marcos Birigüi.
No Mixto, que ‘elegeu’ um presidente relâmpago, e em seguida ‘demissionário’, o ex-corintiano Wilson Mano chegou se decepcionando com a falta de estrutura e viu meio time ir embora após uma noitada mal explicada. O Dutrinha não ficou pronto a tempo e as ‘grandes’ contratações se resumem a volta do atacante Zé Hilton e do armador Luizinho, esperança do time.
Com a mesma conversa de sempre, Álvaro Scolfaro conseguiu convencer o ‘sacerdote’ Sérgio Basso a reassumir o Dom Bosco. Cooptou os renegados e espera que um patrocinador caia do céu.
Na fila desde que nasceu, o União de Rondonópolis fez um pacto, que entrou só na cabeça de meia dúzia de dirigentes: a prioridade será estruturar a parte física do clube, não o título. Antes mesmo de estrear, Oscar Conrado já sofre com a pressão de todos os lados.
Com o time na mão, Éder Taques quer repetir no Jaciarense a façanha de 2004 com o Operário. Luverdense, Sorriso e Sinop completam o Grupo, teoricamente ‘mais fraco’. O problema está no Sul, onde o Mixto deve ter sérias dificuldades para vencer fora de casa (Vila Aurora, Barra e Juventude) e embalar. Todos, indistintamente, dependem dos recursos da emenda do deputado José Riva, que conseguiu convencer o governador Blairo Maggi a patrocinar o Campeonato, para se manterem na competição, que pela sexta vez, pode ter um interiorano na frente. Até 25 de março, muitas surpresas terão acontecido.
Oliveira Júnior é jornalista em Cuiabá e editor de esportes de A Gazeta